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quarta-feira, 15 de outubro de 2025

CÂNCER DE PÂNCREAS VITIMOU D’ANGELO; ESPECIALISTA EXPLICA SINTOMAS, RISCOS E DIAGNÓSTICO PRECOCE

 

Embora menos frequente que outros tumores, o câncer de pâncreas é altamente letal e muitas vezes só é detectado em estágios avançados, alerta o Dr. Lucas Nacif


O célebre músico de soul D’Angelo morreu aos 51 anos após lutar contra um câncer no pâncreas, conforme noticiou a imprensa norte-americana nesta terça-feira (14). A morte do artista chama atenção para uma doença considerada uma das mais letais do aparelho digestivo.
 

Embora menos frequente que cânceres de mama ou próstata, o câncer de pâncreas se destaca pela agressividade e pelo alto índice de mortalidade, principalmente porque, nos estágios iniciais, costuma ser silencioso.
 

Segundo dados do Globocan, mais de 510 mil novos casos foram registrados no mundo em 2022. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima cerca de 11 mil diagnósticos anuais.
 

Essa baixa incidência, no entanto, não diminui a preocupação dos especialistas. Isso porque a maioria dos pacientes descobre a doença tardiamente. Segundo o Dr. Lucas Nacif, cirurgião do aparelho digestivo e membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), a dificuldade está no comportamento do próprio tumor.
 

“Isso ocorre por sua característica de agressividade e porque, em muitos casos, ele costuma ser silencioso nos estágios iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce. Quando os sintomas aparecem, na maioria das vezes a doença já está em estágio avançado e até com metástases, o que limita as opções de tratamento e reduz as chances de cura”, explica o especialista.
 

Mas afinal, como a doença se desenvolve?

O pâncreas é uma glândula localizada atrás do estômago e tem funções fundamentais na digestão e na produção de hormônios como a insulina. O câncer aparece quando as células deste órgão passam a se multiplicar de maneira descontrolada, formando um tumor que pode invadir tecidos próximos ou se espalhar para outras partes do corpo.
 

Entre os tipos de câncer pancreático, o mais comum e também o mais agressivo é o adenocarcinoma pancreático. Ele se desenvolve nas células pancreáticas e costuma ter um comportamento bastante invasivo, podendo ser do tecido pancreático ou dos ductos pancreáticos”, afirma Nacif.
 

Além disso, existem lesões consideradas benignas, mas que têm potencial de se tornar malignas com o tempo, como a neoplasia mucinosa papilar intraductal (IPMN). “Essas lesões devem ser acompanhadas de perto. E, em muitos casos, o tratamento cirúrgico deve ser realizado o quanto antes, dependendo das características dessas lesões”, orienta o médico.
 

Sinais de alerta e sintomas mais comuns

Nos estágios iniciais, o câncer de pâncreas raramente apresenta sintomas. Quando eles surgem, o tumor geralmente já se encontra em estágio mais avançado. Os sinais mais comuns incluem dor abdominal, emagrecimento rápido, cansaço, perda de apetite, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes mais claras que o normal e, às vezes, uma massa palpável no abdômen.
 

“Os principais sintomas do câncer de pâncreas variam bastante de acordo com a localização do tumor dentro do órgão. Quando o tumor é pequeno, mesmo sendo maligno, ele costuma ser assintomático. Por isso, é fundamental prestar atenção a sintomas pouco específicos, mas que persistem.”, afirma o Dr. Nacif.
 

Quem está mais vulnerável?

Embora o câncer de pâncreas possa afetar qualquer pessoa, de acordo com o cirurgião do aparelho digestivo, existem fatores que aumentam significativamente o risco, “como tabagismo, o consumo excessivo de álcool, a obesidade, o diabetes tipo 2, o colesterol desregulado e o sedentarismo estão entre os principais”, relata. Além disso, a alimentação também exerce influência: dietas ricas em alimentos ultraprocessados estão associadas a maior risco.
 

Como é feito o diagnóstico

Na maior parte das vezes, o diagnóstico começa a partir da investigação de sintomas inespecíficos ou de achados através da busca por outros motivos. A avaliação clínica é o primeiro passo, seguida por exames laboratoriais e de imagem, como tomografia, ressonância magnética e ultrassom endoscópico. Em alguns casos, a confirmação depende de uma biópsia.
 

Um exemplo recente de diagnóstico precoce aconteceu com o apresentador Edu Guedes, que descobriu um tumor no pâncreas ao investigar uma crise renal. O caso revela como tumores na região podem ser confundidos com outras condições.
 

“Isso pode acontecer porque o pâncreas está localizado na região retroperitoneal, próxima dos rins, e a dor causada por um tumor pancreático pode ser confundida com uma cólica renal. Ao mesmo tempo, uma cólica renal pode levar a exames que revelam, por acaso, um tumor no pâncreas”, explica Nacif.
 

Tratamento e prognóstico

O tratamento do câncer de pâncreas depende diretamente do estágio em que a doença é descoberta. Quando o tumor está restrito ao órgão e não há metástases, a cirurgia é a principal abordagem e pode ser curativa. Casos mais avançados exigem estratégias combinadas, como quimioterapia, radioterapia e, em alguns casos, imunoterapia.
 

“A cirurgia é indicada quando o tumor ainda está localizado e pode ser totalmente removido. Em casos mais avançados, os tratamentos buscam controlar a doença e dar mais qualidade de vida ao paciente”, afirma o especialista.
 

O diagnóstico precoce, embora difícil, pode mudar completamente o curso da doença. “No caso do câncer de pâncreas, o diagnóstico precoce é fundamental e pode fazer toda a diferença no prognóstico. Quando o tumor é detectado ainda nos estágios iniciais, antes de se espalhar para outros órgãos ou localmente, é possível realizar uma cirurgia curativa e o tratamento com mais chances de sucesso”, diz.
 

Segundo o especialista, assim como em grande parte dos tumores oncológicos, o ideal não é esperar por sintomas e adotar uma postura preventiva. “É fundamental manter um acompanhamento regular com exames de rotina, tanto exames de sangue quanto de imagem, para rastrear precocemente qualquer alteração”, finaliza o Dr. Lucas Nacif.
 

Saiba mais sobre o Dr. Lucas Nacif: Médico gastroenterologista com especialidade em cirurgia geral e do aparelho digestivo. Lucas Nacif é reconhecido por sua expertise em cirurgias hepato bilio pancreáticas e transplante de fígado, utilizando técnicas avançadas minimamente invasivas por laparoscopia e robótica. O especialista é membro da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e está disponível para abordar temas relacionados ao aparelho digestivo, desde doenças, como gordura no fígado; câncer colorretal; doenças inflamatórias intestinais; pancreatite até cirurgias e transplantes em geral. Link e www.instagram.com/dr.lucasnacif_gastrocirurgia/

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