O fim de um relacionamento nem sempre é sinônimo de trauma para os filhos. Segundo a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do Instituto MaterOnline, o divórcio só causa danos quando há afastamento parental, exposição a brigas ou uso da criança como instrumento de disputa.
“É melhor que a criança perceba que seus pais estão melhores separados do que viver num ambiente de brigas, tristeza ou tensão”, afirma.
De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil registrou mais de 440 mil divórcios em 2023, alta de 4,9% em relação ao ano anterior. Em um cenário com tantas rupturas, entender como proteger a saúde emocional das crianças se torna ainda mais importante, aponta Rafaela.
Conflitos e afastamento são os principais vilões
A psicóloga perinatal explica que o maior risco ocorre quando há afastamento de um dos pais, alienação parental ou conflitos constantes que envolvem os filhos. Ela também pontua que o impacto no desenvolvimento infantil não é causado pela separação em si, mas sim pela forma como ela é conduzida.
“Se a criança deixa de ver um dos genitores ou é colocada no meio das brigas, isso sim pode afetar sua saúde mental. O que acaba é a relação de casal, mas o amor pelos filhos continua. A separação precisa ser entre os dois adultos, não entre pais e filhos”, alerta.
Ela lembra que, nas últimas décadas, principalmente nos anos 1990 e 2000, muitas crianças cresceram em meio a separações mal resolvidas, com brigas intensas e pouco preparo emocional dos pais. O resultado foi uma geração marcada por inseguranças, dúvidas sobre o afeto parental e ausência de convivência com um dos genitores.
Atitudes que podem prejudicar as crianças
Entre os comportamentos mais prejudiciais para os filhos estão:
- Falar mal do(a) ex-parceiro(a) para a criança
- Disputas pela guarda com intenção de ferir o outro
- Reduzir o contato da criança com um dos pais sem justificativa
- Usar a criança como “mensageira” entre os adultos
Por outro lado, separações saudáveis, com guarda compartilhada e respeito mútuo, podem preservar o bem-estar da criança. “O ideal é que a criança continue convivendo com ambos os pais com frequência, sentindo-se amada e segura”, diz Rafaela.
Como saber se a criança está sofrendo?
De acordo com a especialista, crianças pequenas também sofrem com o afastamento, mas expressam isso de forma diferente. Mudanças de comportamento são o principal sinal de alerta. Tristeza persistente, regressões, irritabilidade e recusa em conviver com um dos genitores podem indicar sofrimento emocional.
“A criança pode não dizer com palavras, mas sente. Ela percebe a ausência, se pergunta por que não vê mais aquele pai ou mãe. Isso precisa ser acolhido com cuidado. Nesses casos de mudanças significativas, o apoio psicológico pode fazer toda a diferença”, conclui.
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