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quarta-feira, 18 de junho de 2025

Educação efetiva: como orientar pais para além da positividade

 


Num cenário em que muitos pais desejam ser amados pelos filhos, cresce a confusão entre educar e agradar. Para a psicóloga Aline Graffiette, CEO da Mental One e especialista em orientação parental, é preciso abandonar a ideia de uma “educação positiva” como sinônimo de uma criação permissiva e acolhedora a qualquer custo. “Educação não é sobre positividade, é sobre efetividade”, afirma.

De acordo com a profissional, educar de forma efetiva exige a construção de limites claros e o uso consciente de métodos de correção — não confundir com agressão. “Punição, nesse contexto, não significa bater, mas aplicar consequências adequadas aos comportamentos que desrespeitam regras sociais vigentes”, explica. A ausência de limites, segundo ela, não prepara a criança para o mundo real, que inevitavelmente irá frustrá-la.

A psicóloga alerta para um erro comum: a tentativa de negociar afetos e decisões com as crianças. “Quando os pais cedem demais, a criança aprende a negociar afeto, o que pode resultar em adultos com relacionamentos instáveis e baseados em interesses. Relações não deveriam ser baseadas em poder ou vantagem, mas em afeto genuíno e alinhamento de expectativas.”

Para a especialista, os pais não precisam ser autoritários no sentido negativo da palavra, mas devem exercer autoridade com clareza. “Assim como no ambiente de trabalho, algumas ordens precisam ser cumpridas. Quando os pais têm dificuldade de dizer não, a criança entende que pode fazer tudo do seu jeito. Isso é prejudicial.”

Ela ressalta que educar demanda repetição e constância. “Educar é dizer a mesma coisa centenas de vezes. As pessoas se esquecem de que até para ensinar um cachorro a obedecer, são necessários muitos treinos. Com crianças, é ainda mais complexo, porque envolve formação de caráter, não apenas obediência.”

Graffiette reforça que as crianças buscam limites, mesmo que não saibam expressar isso. “Elas testam até onde podem ir porque precisam saber onde estão as margens. E essas margens são o que permite a elas viver de forma funcional e saudável em sociedade.”

Estudos recentes apontam que a ausência total de limites pode ser mais prejudicial do que a rigidez. “Pais permissivos, que acham que estão poupando os filhos da dor, acabam por tirar deles o senso de direção e a capacidade de desejar. Uma criança que tudo pode perde a volição — ou seja, deixa de ter vontade e propósito.”

A orientação parental, segundo a CEO da Mental One, é uma ferramenta essencial para pais que buscam um equilíbrio. “Hoje, felizmente, existem profissionais altamente qualificados que ajudam a definir, dentro da realidade de cada família, quais são os limites mais adequados. As leis são as mesmas para todos, mas as margens precisam respeitar o contexto familiar”, conclui.

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