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Livro de estreia de Bruna Donato, “Tudo que é se prende à matéria para existir” será publicado pela editora Patuá, com direito a uma sessão de autógrafos com a autora em plena Feira do Livro, na quinta-feira (19 de junho), das 14 às 15 horas, na tenda da Patuá e Livraria Patuscada, logo na entrada da Praça Charles Miller, em São Paulo. O evento é gratuito e o livro estará à venda por R$ 60,00. Para quem não puder ir, a pré-venda do livro já está liberada no site da editora pelo mesmo valor, até 24 de junho. “Tudo que é se prende à matéria para existir” é o livro de estreia de Bruna Donato, natural de Jaú (SP), mas que atualmente vive em Sorocaba. É professora universitária federal nas áreas da Educação e Sociologia. E, neste livro, assume sua persona de escritora literária, apresentando ao público leitor 27 crônicas sobre a existência humana em tempos de incerteza social, mesclando-as com ilustrações feitas por ela mesma. O livro Divididas em sete partes, estas crônicas seguem por três eixos temáticos, que a própria autora decodifica: “A primeira parte fala dessa perda e desilusão no contexto político-econômico que ganhou força em 2013, com o impeachment do governo de Dilma Rousseff e depois na pandemia no Brasil, liderada pela negligência e negacionismo de Jair Messias Bolsonaro”, ela completa. “Depois, volta-se à busca de si na criança-interior e em outras situações que são também na ausência do outro e, por consequência, do coletivo na construção do futuro. E então, a última parte, apresenta uma tentativa egoísta de reconciliação com o outro, adornada de bens de consumo e imediatismos do prazer”, ela detalha. Gestado durante e após a pandemia, “Tudo que é se prende à matéria para existir” foi também uma tentativa da autora em desabafar criativamente sobre a fusão de sentimentos diversos e incômodos que vieram à tona naquela época. “Muita raiva brotou, um desencantamento, mesmo, de futuro e de nação. A escrita me ajudou a lidar com os dilemas reais na invenção das possibilidades que não deixassem de tratar o real”, relata Bruna. As reflexões Nos contos, Bruna define uma série de personagens fictícias, demarcadas dentro de uma classe média brasileira que não se expõe, evita se questionar e mantém suas vivências dentro de um espaço ilusionado. Vale pontuar que o Feminismo não escapa desse novelo reflexivo que Bruna desfia em “Tudo que é se prende à matéria para existir”. “No Brasil é uma discussão que se fortalece nos ataques e nas contradições e, ironicamente, nas investidas comerciais pasteurizadas. É um caminho que não terá fim. A literatura tem demonstrado ser um dos espaços mais promissões para tanto e, por isso, esse livro foi pensado majoritariamente ao público feminista”, frisa Bruna. Além disso, quase como um processo terapêutico, “Tudo que é se prende à matéria para existir” também funcionou como antídoto de Bruna consigo mesma em relação aos dias mais difíceis vividos da pandemia em diante. Lidar consigo mesma e suas angústias se tornava mais suportável ao escrever. Isso porque Bruna, acostumada com leituras e textos científicos, direcionados aos seus alunos e pares acadêmicos, sempre se satisfez na literatura, um hábito levado a sério por anos, lado a lado com a pintura. Um curso de vida inevitável e natural da menina nascida e criada no interior paulista que lia em voz alta para a avó enquanto esta operava uma máquina de costura, sua principal fonte de renda. “Escrever me faz evocar sentimentos saudosos e melancólicos. Escrevo para lidar com a realidade que não posso modificar além da escrita, porque tange à imaginação e beira a minha loucura particular. É uma contradição que a cada dia tem seu vencedor”, pondera Bruna. Para ela, “esse lugar de autora ainda em legitimação, gera um formigamento que parece me dizer que tem sangue correndo em espaços que estavam adormecidos. O mais bonito para mim é perceber que a vida brota sempre quando se tem um outro, tão humano e falível, na miragem”, ela prossegue. “Espero que o livro alcance pessoas que também se atinam a serem mais generosas do que imperceptíveis em suas próprias vidas e em nosso tempo presente. À minha legitimação, isso bastaria”. |
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