Dados brasileiros analisados por uma década mostram que idosos com comorbidades, infectados pelo VSR, tiveram altas taxas de admissão em UTI e letalidade1
Em 2025, já foram notificados mais de 24 mil casos de hospitalização por Síndrome Respiratória Aguda Grave, no Brasil, e o VSR é um dos principais causadores6 |
Um novo estudo, que analisou dados brasileiros entre 2013 e 2023, demonstra como o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) pode afetar significativamente adultos com 60 anos ou mais no Brasil, especialmente aqueles com alguma condição crônica de saúde, também chamada de comorbidade.1 O VSR é um vírus comum que infecta o trato respiratório, podendo afetar desde o nariz até os pulmões, e costuma acometer principalmente crianças pequenas causando bronquiolite, e idosos, podendo descompensar doenças crônicas ou até causar pneumonia.2-4
Estima-se que 64 milhões de pessoas em todo o mundo, de todas as idades, sejam afetadas pelo VSR todos os anos, incluindo adultos com doenças crônicas.5 Somente em 2025, até o dia 3 de maio, foram notificados 24.571 casos de hospitalização por Síndrome Respiratória Aguda Grave, no Brasil. Entre estes, 50% foram causados pelo VSR, nas quatro semanas que antecederam a data, de acordo com o Boletim Epidemiológico InfoGripe, divulgado pela Fiocruz. Em relação aos óbitos por SRAG, no mesmo período, 11% tiveram como causa o VSR.6
A pesquisa, que foi apresentada com exclusividade no 13º Simpósio Internacional de VSR, realizado em março de 2025, em Foz do Iguaçu, analisou casos de adultos com e sem comorbidades hospitalizados, com diagnósticos confirmados de VSR, em sistemas de saúde públicos e privados do Brasil.1 “Ao realizar uma análise retrospectiva de dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), de 1º de janeiro de 2013 a 31 de dezembro de 2023, essa década de dados de hospitalização no país nos mostrou que o VSR afeta significativamente adultos e indivíduos com condições crônicas, e que a presença de uma ou mais comorbidades aumenta consideravelmente as taxas de admissão em UTI”, explica a infectologista Lessandra Michelin (CRM 23494-RS), líder médica de vacinas VSR da GSK e uma das autoras do estudo.
Ao todo foram identificados 3.348 casos de VSR em adultos com 60 anos ou mais durante esses 10 anos, e os dados epidemiológicos mostram a extensão do impacto do vírus na saúde desses pacientes. As taxas de internação subiram de 0,27, em 2013, para 2,07 por 100.000 habitantes/ano em 2023. A maior taxa foi observada em 2022 com 2,99 por 100.000 habitantes/ano. O tempo médio de internação hospitalar foi de 13 dias, sendo que 30,9% dos pacientes necessitaram de cuidados em UTI e 69,8% utilizaram suporte ventilatório. A taxa média de letalidade foi de 25,9%, variando de 21% em 2013 a 30,7% em 2017. Entre os casos, 74,9% apresentavam pelo menos uma condição crônica, sendo as mais comuns as doenças cardiovasculares (64,2%), diabetes (32,0%) e doenças pulmonares (26,5%).1
“Esse estudo nos permite conhecer a magnitude do problema já que o VSR normalmente é considerado um vírus que infecta somente crianças, e isso, na realidade, sabemos que não é verdade. O Vírus Sincicial Respiratório tem um potencial de causar doença grave tanto em crianças quanto em adultos, principalmente se esses adultos tiverem comorbidades, como diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma e insuficiência cardíaca. Esses pacientes que apresentam alguma doença associada tendem a ter uma evolução menos favorável, maior tempo de internação, mais complicações e maior chance de óbito. Então, esse estudo veio para corroborar a hipótese de que realmente pessoas com comorbidades têm desfechos piores quando acometidos por uma infecção por VSR. Com isso, há uma grande necessidade de prevenir a infecção nesse grupo específico de pacientes, e proporcionar um melhor cuidado aos mesmos”, esclarece Rosemeri Maurici da Silva (CRM 5465-SC), médica e também uma das autoras da pesquisa.
Mais sobre o Vírus Sincicial Respiratório (VSR)
Segundo o infectologista Clóvis Arns da Cunha (CRM 11234-PR), o VSR é um vírus respiratório subdiagnosticado, devido à falta de testes de rotina, e co-circula com a COVID-19 e Influenza (gripe) ao longo do ano, com pico de incidência no outono e inverno.13 “O VSR apresenta um quadro clínico parecido e indistinguível de outras viroses respiratórias. Por isso há necessidade de testes microbiológicos. Muitas vezes os casos de infecção pelo VSR são subnotificados. Quando olhamos o cenário epidemiológico no Brasil, conseguimos identificar a circulação ao longo de todo o ano, com picos de sazonalidade entre março e agosto. Os testes coletados em pacientes com viroses respiratórias, incluindo casos de pneumonia, muitas vezes não incluem a pesquisa do VSR. Assim, temos uma vigilância impactada pela subdetecção. Em contrapartida, quando olhamos o cenário privado, onde o VSR é mais frequentemente pesquisado, a prevalência do vírus é consideravelmente maior e possui co-circulação ainda mais relevante, tendo seu pico de incidência (outono e inverno) geralmente antes da gripe (inverno)”, afirma.
A transmissão do VSR acontece por meio de gotículas expelidas durante a fala, tosse ou espirro e contato com superfícies contaminadas. A fase contagiosa dura de 3 a 8 dias, mas algumas pessoas, especialmente aquelas com um sistema imunológico enfraquecido, podem transmitir o vírus por até 4 semanas.7,8 Qualquer pessoa, de qualquer faixa etária, pode contrair o VSR, e infecções repetidas podem ocorrer ao longo da vida, pois a imunidade por infecção não é duradoura.2
De acordo com o pediatra infectologista Renato Kfouri (CRM 59492-SP), uma pessoa pode transmitir o VSR para até três pessoas e, para complicar, indivíduos que convivem com crianças infectadas pelo VSR têm mais chance de se infectar em casa.10,11 “É o que chamamos de infecção cruzada. Ou seja, os bebês e crianças em idade escolar são expostas e infectadas pelo VSR em ambientes como creches, escolas, parquinhos e festinhas, e acabam transmitindo o vírus aos adultos que têm convivência próxima, como pais e avós. Pesquisas apontam que pessoas em contato com crianças com VSR tem 22,6 vezes mais chances de apresentar infecção por esse vírus”, alerta.
Prevenção
A Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e outras importantes sociedades médicas brasileiras recomendam a vacinação como uma das principais formas de prevenção contra o VSR.9
A infectologista Nancy Bellei (CRM 60778-SP) reforça a importância da recomendação médica para a adesão à vacinação. “Estudos prévios com vacinas da gripe e pneumonia mostraram que quando o paciente tinha interesse, mas não havia recomendação médica, a adesão à vacina era de apenas 8%. Já quando o paciente desconhecia a importância das vacinas, mas houve a recomendação médica, a adesão à vacina aumentou para 70%.12 Então é muito importante que os médicos informem seus pacientes, principalmente aqueles que possuem condições crônicas de saúde, sobre a imunização contra o VSR, que já está disponível para os adultos com 60 anos ou mais”, aconselha.
Além disso, algumas outras medidas podem ajudar a prevenir o contágio e a transmissão, como lavar as mãos frequentemente; evitar tocar no rosto, nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas; cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar; evitar contato próximo com pessoas doentes; limpar e desinfetar superfícies que são tocadas com frequência; e evitar sair de casa quando estiver doente.7 Material dirigido ao público em geral. Por favor, consulte o seu médico.
Sobre a GSK A GSK é uma biofarmacêutica multinacional, presente em mais de 75 países, que tem como propósito unir ciência, tecnologia e talento para vencer as doenças e impactar a saúde global. A companhia pesquisa, desenvolve e fabrica vacinas e medicamentos especializados nas áreas de Doenças Infecciosas, HIV, Oncologia e Imunologia/Respiratória. No Brasil, a GSK é líder nas áreas de HIV e Respiratória e uma das empresas líderes em Vacinas. Para mais informações, visite GSK.
Referências:
NP-BR-AVU-BRF-250010 - Maio/2025 |
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