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terça-feira, 17 de agosto de 2021

Conheça os 5 cemitérios mais antigos de São Paulo

 

Cemitério do Araçá (https://www.facebook.com/pg/SPcemiterio)
A cidade de São Paulo tem alguns dos mais belos e históricos cemitérios do mundo




Visitar um cemitério pode parecer um passeio inusitado, mas reserva grandes surpresas e um contato único com a história de uma cidade. Em grandes capitais do mundo, como Paris e Londres, uma visita aos principais cemitérios é uma parada quase obrigatória para conhecer os túmulos de celebridades e as obras de arte tumulares.
Mas você sabia que a cidade de São Paulo também tem alguns dos mais belos e históricos cemitérios do mundo? Entre eles, há os que abrigam respeitáveis acervos de obras de arte, que homenageiam a história local. Podem ser considerados verdadeiros museus a céu aberto.
Reunimos nesta matéria algumas curiosidades sobre os cemitérios mais antigos da capital paulista. Eles estão espalhados por vários pontos do município e valem uma visita!

1. Cemitério Colônia 


Data de fundação: 1829


Endereço: R. Sachio Nakao, 28 - Colônia (Zona Sul)


Quando o nome da cidade ainda era São Paulo de Piratininga, as normas para enterros eram muito diferentes no município. Pessoas católicas eram enterradas dentro das igrejas, mas quem não seguisse a religião era enviado ao Cemitério dos Aflitos, no bairro da Liberdade.
Tudo mudou quando Júlio Frank, professor alemão que vivia no Brasil, faleceu aos 32 anos. Ele era muito querido por seus alunos, que não permitiram seu enterro no Cemitério dos Enforcados. 
Apesar de Frank ter sido sepultado no pátio da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, onde lecionava, o fato de seu corpo não ter sido enterrado no Cemitério dos Aflitos gerou grandes mudanças no cenário da cidade.
Por volta de 1827, Dom Pedro I havia concedido uma porção de terras a um grupo de cerca de 200 imigrantes alemães que imigraram para trabalhar como agricultores em terras tupiniquins.
Uma parte do terreno foi utilizada para criar o Cemitério da Colônia, em 1829. A área serviu ao grupo de alemães luteranos para sepultar os seus de maneira respeitosa.
O Cemitério Colônia sofreu com a falta de apoio do governo durante a 2ª Guerra Mundial, levando à completa desativação em 1996. 
Felizmente, associações locais se uniram para resgatar a história deste patrimônio cultural paulistano e, em 2000, o Colônia foi restaurado, mantendo o padrão histórico do início do século 19.
Este é o cemitério mais antigo em atividade em São Paulo e, desde 2004, faz parte da Zona Especial de Preservação Cultural da cidade.

2. Cemitério de Santo Amaro 


Data de fundação: 1856


Endereço: R. Min. Roberto Cardoso Alves, 186 - Santo Amaro


Inaugurado em 1856, o Cemitério de Santo Amaro foi uma resposta a um decreto imperial de dom Pedro I, que proibia o sepultamento de pessoas dentro das igrejas, prática comum à época.
O primeiro corpo enterrado no Cemitério de Santo Amaro foi realizado apenas em 1857, mas o túmulo não foi preservado até hoje. 
Há algumas personalidades paulistanas que estão sepultadas neste cemitério, como o poeta Paulo Eiró, o escultor Júlio Guerra, e o comandante José Foster, além de figuras importantes para a história da colônia alemã que se instalou na região no século 19.
Um túmulo que chama a atenção é o de Bento do Portão, um pobre morador do bairro que ganhou dos moradores a fama de santo popular — aquele que não é canonizado pela Igreja Católica. Falecido em 1917, foi apenas 5 anos após sua morte que surgiu a notoriedade de milagreiro.
Diz a lenda que uma senhora muito doente, que teria que ter uma das pernas amputadas, fez um pedido a Bento do Portão e teve as preces atendidas. A história ganhou tração e seu jazigo se tornou ponto de peregrinação durante muito tempo.
O cemitério também tem o Obelisco de Santo Amaro, construído em 1901, em homenagem ao rei italiano Humberto I. O nobre foi assassinado e gerou forte indignação na comunidade italiana no Brasil, que se mobilizou para erguer o monumento.
Apesar de muitos dos jazigos estarem deteriorados, há belas peças de arquitetura tumular. Outra curiosidade é que há diversas sepulturas decoradas com pedras do fundo de rios, algo que não se tem registro em outros cemitérios da capital. O motivo, entretanto, é desconhecido.

3. Cemitério da Consolação 


Data de fundação: 1858


Endereço: R. da Consolação, 1660 - Consolação


Este deve ser, possivelmente, o cemitério mais famoso da cidade de São Paulo. As sepulturas são tão famosas que muitas pessoas se referem ao espaço como um museu a céu aberto.
O Consolação é o primeiro cemitério público de São Paulo. Inicialmente, qualquer pessoa era enterrada lá, mas foi no século passado que o espaço se tornou mais elitizado. Membros da alta sociedade paulistana passaram a construir grandes mausoléus (monumentos funerários) para suas famílias, o que é hoje um dos grandes atrativos do cemitério.
O Cemitério da Consolação conta com mais de 100 personalidades de grande relevância histórica sepultadas em seus 76 mil m². São nomes de prestígio que incluem o escritor Monteiro Lobato, a artista plástica Tarsila do Amaral, os poetas Mário de Andrade e Oswald de Andrade, entre muitos outros.
Um passeio entre os jazigos do Cemitério da Consolação é sinônimo de estar em meio a diversas obras de arte. Diversos túmulos e mausoléus foram criados pelas mãos de artistas famosos, como Victor Brecheret, Rodolfo Bernardelli e Luigi Brizzolara. 
O mausoléu da família Matarazzo, por exemplo, é parada obrigatória: sua altura equivale a um prédio de três andares e é a maior construção tumular da América Latina. Foi criado pelo artista Luigi Brizzolara e é ornado por esculturas e outros detalhes de bronze.
Quem quiser conhecer mais sobre este grande patrimônio histórico da cidade de São Paulo pode aproveitar os passeios guiados, que são oferecidos pela Prefeitura gratuitamente, todas as sextas-feiras, às 14h. Não se esqueça de fazer o agendamento no site da Prefeitura.
Se você preferir passear sozinho, pode baixar o app Guia do Cemitério da Consolação para fazer a visita autoguiada. O aplicativo conta com roteiros variados, como arte tumular, sepulcros de políticos do império, industriais, modernistas e muitos outros.
Uma vez escolhida a trilha, o aplicativo lista os principais túmulos e conta um pouco da história daquela personalidade ou da obra de arte tumular. Está disponível nas lojas de aplicativos para Android e iOS.

4. Cemitério do Araçá 


Data de fundação: 1887


Endereço: Av. Dr. Arnaldo, 666 - Cerqueira César


Com mais de 100 mil m², o Cemitério do Araçá leva este nome em homenagem a uma espécie de árvore com a mesma alcunha, abundante na região à época de sua fundação. A vegetação era tão comum que a Avenida Dr. Arnaldo era, na verdade, a Estrada do Araçá.
O surgimento do cemitério se deu a partir da necessidade da capital ter uma nova necrópole. Até 1887, o Cemitério da Consolação estava superlotado, principalmente pelos sepultamentos das famílias da elite paulistana. 
O que era inicialmente uma opção mais econômica para sepultar os mortos, o Cemitério do Araçá também acabou se tornando um foco de membros das classes altas, levando à elitização de mais uma necrópole na cidade de São Paulo.
Entre as atrações do Araçá estão os diversos jazigos imponentes e importantes figuras da história brasileira que estão enterrados por lá. Alguns dos nomes de destaque são o jornalista e político Assis Chateaubriand, a atriz e comediante Nair Bello, e a atriz Cacilda Becker.
O acervo de arte tumular no Cemitério do Araçá é muito rico. As ruas estão recheadas de mausoléus, esculturas de anjos, querubins e serafins, até mesmo estátuas inspiradas na cultura egípcia. É possível encontrar algumas obras do artista Victor Brecheret espalhadas pela área. 
Outra importante parte da história do Brasil presente na necrópole é o Ossário-Geral desse cemitério. Foram transferidos para lá os restos mortais de 1.049 vítimas da ditadura militar, descobertos em 1990, em uma vala clandestina no Cemitério D. Bosco, em Perus.
Acredita-se que haja, entre as ossadas encontradas, restos de desaparecidos políticos e vítimas do chamado Esquadrão da Morte. Os restos mortais estão localizados lá enquanto aguardam o processo de investigação.
Infelizmente, o Ossário-Geral foi alvo de uma ação de vândalos em 2013, que depredaram algumas das gavetas com as ossadas. Apesar disso, não houve nenhum dano aos restos mortais das vítimas do regime ditatorial, respeitando a história das pessoas que perderam sua liberdade e suas vidas durante um período sombrio da nossa história. 

5. Cemitério da Quarta Parada 


Data de fundação: 1893


Endereço: Av. Salim Farah Maluf, 3303 - Água Rasa


Conhecido também como Cemitério do Brás, está localizado na zona leste de São Paulo, em uma área de 183 mil m². Foi o primeiro cemitério construído nesta região da cidade. Ele foi criado para atender às famílias de bairros como Brás, Pari e Mooca.
Passou também pelo processo de gentrificação observado nos cemitérios da Consolação e do Araçá, anteriormente dedicado ao sepultamento de qualquer pessoa, mas se tornando mais procurado por famílias de classe alta que tornaram a área bastante elitizada.
Em um passeio no Quarta Parada é possível encontrar belos jazigos e monumentos tumulares, como obras de arte esculpidas nos sepulcros e mausoléus. Os enterrados incluem barões do café, juristas, comerciantes, políticos e donos de operações industriais.
Há alguns túmulos de pessoas célebres no Cemitério da Quarta Parada, como da dupla caipira Tonico e Tinoco; Arnaldo Rosa, um dos fundadores do grupo de samba Demônios da Garoa; Vicente Matheus, o icônico ex-presidente do Sport Club Corinthians, entre outros.
Destaca-se o túmulo de Felisbina Müller, uma mulher anônima que se tornou conhecida por ter tido o corpo exumado três vezes e, apesar disso, seguir intacto. Ganhou fama de santa popular e a Santa Protetora dos Vestibulandos, e muitas pessoas vão ao cemitério visitar seu jazigo.
Agora que você já conhece a história dos cemitérios mais antigos, poderá conferir de perto as curiosidades quando for visitar algum deles, seja para homenagear alguém falecido, seja para enviar uma coroa de flores para São Paulo e dar apoio a alguma família enlutada ou simplesmente para passear por esses museus a céu aberto.

Um comentário:

  1. Confesso que não conheço nenhum mesmo morando em São Paulo, mas já me organizando pra fazer esse tour diferente.

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