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Do casarão que resistiu ao conflito até o apoio à revitalização de imóveis locais, a história da Andersen Ballão se funde à da cidade
Em 8 de dezembro de 1959, um objeto do cotidiano desencadeou dias de violência em Curitiba. Um policial comprou um pente na Praça Tiradentes e pediu o comprovante fiscal da promoção “Seu Talão Vale 1 Milhão”, criado pelo governador do Estado do Paraná, Moisés Lupion, para estimular os consumidores a solicitarem notas fiscais, que seriam trocadas por cupons de sorteio. Quando o comerciante libanês Ahmed Najar se recusou a emitir o documento, em razão do seu baixo valor, a discussão se instalou e resultou em agressão, sendo que o policial saiu ferido.
A notícia correu rápido e, em poucas horas, o centro da cidade mergulhou em depredações. Da Praça Tiradentes à Rua Voluntários da Pátria, mais de uma centena de lojas, principalmente as que abrigavam negócios de imigrantes árabes, foram destruídas, e tropas do Exército tomaram as ruas.
O episódio marcou a história da cidade com o nome de Guerra do Pente. No auge da revolta, uma multidão cercou o casarão branco da Avenida Jaime Reis, 86, então pertencente ao rico comerciante sírio-libanês, Miguel Calluf e prometeu incendiá-lo, pois estava convencida de que ali morava um dos comerciantes envolvidos no conflito.
A revolta foi controlada. A casa que hoje abriga a Andersen Ballão Advocacia foi preservada e, diz a lenda, que o conflito foi resolvido com a intervenção divina. “Vieram com tochas e pedras. A confusão terminou aqui, na frente desta casa. Quando chegaram, estava acontecendo um jantar, autoridades estavam presentes porque o filho do dono da casa estava sendo homenageado por sua ordenação sacerdotal”, conta o sócio-fundador Wilson José Andersen Ballão. “O Padre Emir Calluf realizou uma espécie de bênção ali em cima, na sacada, e aquilo acalmou a multidão. Foi o fim da chamada Guerra do Pente.”
O imóvel, erguido na década de 1940 em estilo neoclássico, ainda guarda as características de sua origem. Quando foi adquirido para abrigar a sede do escritório, passou por uma restauração para que sua arquitetura fosse preservada. Hoje, o casarão conta com salas de trabalho e reuniões, expõe obras de arte em seu interior e se abre para um jardim onde espécies nativas dividem espaço com instalações inovadoras. O ambiente alia a memória histórica à inovação, com ilhas digitais para videoconferências e tecnologia voltada para audiências online.
Vínculo profundo com o centro histórico
Neste mês em que o escritório celebra 46 anos de atuação, é pertinente prestar uma homenagem a Curitiba, resgatando essa e outras histórias que evidenciam a estreita conexão da Andersen Ballão Advocacia com o centro histórico. A sua presença no centro da capital paranaense não se limita ao endereço do casarão que sobreviveu à Guerra do Pente.
Na mesma Avenida Jaime Reis está a unidade ABA Hamburgo, prédio moderno e sustentável, inaugurado em 2015. A escolha do nome homenageia a cidade alemã onde Wilson José Andersen Ballão estudou Direito Marítimo e Internacional nos anos 1980, experiência que marcou a internacionalização do escritório. Ali, em um espaço que simboliza inovação sem romper com o entorno histórico, estão reunidos os departamentos Societário, Tributário, Trabalhista, Aduaneiro e Paralegal, além de Terceiro Setor e Assuntos Culturais, gerência jurídica e controladoria jurídica.
A algumas quadras, as recordações familiares do sócio-fundador da ABA se encontram com a memória cultural da cidade. O Museu Casa Alfredo Andersen ocupa o imóvel onde viveu e trabalhou o bisavô bisavô de Wilson Andersen Ballão, o artista norueguês Alfredo Andersen, considerado o pai da pintura paranaense, lugar onde Ballão passou os seus primeiros meses de vida. A revitalização do espaço teve participação ativa da Sociedade Amigos de Alfredo Andersen, presidida por Ballão.
Também no centro histórico está o Palácio Belvedère, de 1915, situado em frente ao Museu Paranaense. O prédio, tombado pelo patrimônio estadual, passou anos fechado até ser reaberto como sede da Academia Paranaense de Letras. A ABA esteve presente desde o início das negociações para viabilizar sua restauração, oferecendo suporte técnico, jurídico e financeiro para que o projeto avançasse.
Em frente ao casarão do escritório, está o imponente Palácio Garibaldi, considerado patrimônio histórico estadual. Em 2023, o local ganhou um jardim com esculturas, que expõe a herança cultural da imigração italiana no Brasil. O Palácio se transformou em um espaço cultural, que alia arte e história, atraindo a população local e turistas de passagem pela cidade.
Não bastassem estas referências, em 2016, ou seja, 14 anos após a aquisição da nova sede, Wilson Ballão tomou conhecimento de um fato inusitado: o imóvel vizinho, imediatamente à esquerda da sede principal, que hoje abriga a Galeria Um lugar ao Sol, foi construído por outro de seus bisavós, o italiano Felipo Lombardi, nos anos 1898, período em que residiu no local e estabeleceu sua fábrica de gengibirra, permanecendo até seu falecimento em 1925.
O mais curioso é que seu bisavô italiano possuía inclusive a área onde o escritório está localizado atualmente, já que o imóvel era, na época, único. Coincidência?
A Andersen Ballão não é apenas “moradora” do centro histórico; sua trajetória se mistura à das casas, museus e praças que resistem ao tempo. Ao cuidar desses espaços, a ABA mostra que se integrar a esse cenário significa assumir parte da responsabilidade de manter viva a memória e o patrimônio cultural da cidade.

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