Com direção de Rodrigo Penna, espetáculo é livremente inspirado nas crônicas e na obra do escritor mineiro e passeia por temas como a condição humana, a ternura, a doçura, o amor e a falta desse sentimento
Crédito: Larissa Vieira
Um dos mais importantes cronistas brasileiros, o escritor, poeta e jornalista mineiro Paulo Mendes Campos (1922-1991) tem seu legado celebrado em Aurora - Uma homenagem à obra de Paulo Mendes Campos, idealizado, roteirizado e dirigido pelo produtor cultural e diretor Rodrigo Penna, com consultoria de roteiro de Adriana Falcão. O espetáculo, livremente inspirado na vida e em toda a obra do escritor, com olhar especial para a coletânea “O Amor Acaba - Crônicas líricas e existenciais” (1999), tem sua temporada de estreia no Centro Cultural São Paulo (CCSP), de 27 de novembro a 14 de dezembro de 2025, com sessões de quinta a sábado, às 20h, e domingos às 19h.
No elenco, estão Julia Konrad, Gustavo Damasceno e Kadu Garcia.
A peça, que não tem uma estrutura dramatúrgica tradicional, com linearidade, curva dramática e personagens, é uma espécie de jogos de cenas e sentimentos da vida e da obra de Paulo Mendes Campos, como explica o diretor Rodrigo Penna. “É quase como uma coletânea de crônicas sobre ele que fiz ao longo dos anos. Já foram mais de 40 versões desse roteiro, baseado em muitas leituras aqui em casa, muita pesquisa de texto e muito bate-papo com a Adriana Falcão, minha consultora para roteiro”, diz.
“Sempre tive uma ligação com literatura e poesia e criei o Projeto Ambiente, um sarau contemporâneo com multilinguagens da palavra há 25 anos. Fiquei louco pelo Paulo Mendes quando a Adriana me apresentou a crônica ‘Para Maria da Graça’. Logo comprei o livro e fui atrás de tudo o que podia encontrar sobre o autor. Na época, eu estava fazendo turnê da festa ‘Bailinho’, que foi um sucesso, e devorei o livro em minhas viagens pelo Brasil”, acrescenta.
O diretor ainda conta que a palavra, expressa a partir de diferentes linguagens, é a grande força motriz do trabalho. “Nossa matéria prima é a palavra, o meio e o fim, como iguarias, jóias preciosas, tudo gira em torno da palavra. É o que queremos; espalhar a palavra do Paulo Brasil afora. A peça é uma dança entre diferentes linguagens, poéticas, em prosa, mídias e plataformas diversas, mas tudo em prol da palavra – até como ação e protesto.” Todos são Paulo Mendes Campos e, ao mesmo tempo, todas são também suas musas, os personagens, as cenas. A peça fala sobre todo mundo, sobre a humanidade, a ternura, a doçura, o amor, a falta de amor, o excesso de amor, o conflito do amor. Um grande jogo de cenas e sentimentos.”.
E, para construir essa atmosfera, o espetáculo aposta na ambiência, criada com sonoplastia, beats e ritmos, em união com projeções do artista visual Batman Zavareze, a cenografia de Marcos Figueroa, os figurinos de Marie Salles e o design de Billy Bacon. “Buscamos como referências as cores azul, que é a que ele mais explora, e o vermelho, que representa a própria origem do Paulo Mendes, que nasceu em Minas e, mesmo tendo vivido e morrido no Rio tem essa coisa mineira muito presente nas suas obras. Também buscamos referências na iconografia da arte de rua, no grafitti, no lambe-lambe e na risografia”.
A direção de Rodrigo Penna tem como forte referência e também presta uma homenagem ao trabalho do ator e diretor carioca Aderbal Freire Filho (1941-2023), que desenvolveu uma pesquisa intitulada por ele mesmo como “romance-em-cena”.
Já a trilha sonora, assinada pelo próprio diretor ao lado de Chico Beltrão e Dani Roland, explora sonoridades pop e dialoga tanto com um público mais velho como com a juventude.
Sobre Paulo Mendes Campos
Conhecido como um dos “Quatro Cavaleiros do Apocalipse” da crônica brasileira, ao lado dos também mineiros e amigos de Fernando Sabino, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino, o escritor, poeta e jornalista Paulo Mendes Campos nasceu em Belo Horizonte em 1922 e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1945.
Ele colaborou com os principais veículos da imprensa carioca, como os jornais Correio da Manhã e Diário Carioca, no qual manteve a coluna diária “Primeiro Plano”, e a revista Manchete. Também foi diretor de Obras Raras da Biblioteca Nacional.
Entre seus livros publicados, estão “O Cego de Ipanema” (1960), “Homenzinho na ventania” (1962), “O Colunista do morro (1965), “Antologia brasileira de humorismo” (1965), “Hora do recreio” (1967), “O Anjo Bêbado” (1969), “Os bares morrem numa quarta-feira” (1980), “O Amor acaba - Crônicas líricas e existenciais” (1999), “Brasil brasileiro - Crônicas do país, das cidades e do povo” (2000), “Alhos e bugalhos” (2000), “Cisne de feltro” (2000), “Murais de Vinícius e outros perfis” (2000), “O gol é necessário” (2000), “Artigo indefinido” ( 2000), “De um caderno cinzento - Apanhadas no chão” (2000), “Balé do pato e outras crônicas” (2003) e “Quatro histórias de ladrão” ( 2005).
Além disso, atuou como tradutor de prosa e poesia de grandes nomes da literatura mundial, como Júlio Verne, Oscar Wilde, Jane Austen, Jorge Luis Borges, William Shakespeare, William Butler Yeats, C. S. Lewis, Charles Dickens, Gustave Flaubert, Guy de Maupassant, Pablo Neruda e outros.
Sobre Rodrigo Penna - diretor e idealizador
Rodrigo Penna participou de novelas de grande sucesso como “Top Model, “Vamp” e “Paraíso Tropical”, além de séries e minisséries como “Engraçadinha” e “JK”. Seu primeiro sucesso no teatro foi aos 12 anos, com a peça "Menino Maluquinho“.
Destacam-se ainda em sua trajetória no teatro os espetáculos “Mãe Coragem”, com direção de Daniela Thomaz, e “O Ateneu” com direção de Carlos Wilson e “Esplêndidos”, com direção de Daniel Herz, no qual dividiu o palco com nomes como Nelson Xavier, Gabriel Braga Nunes e Selton Mello.
Em 2006, dirigiu seu 1º espetáculo “Eu nunca Disse que Prestava”, do qual também assinou a dramaturgia, como base em textos de Adriana Falcão e Luciana Pessanha.
DJ, produtor e performer, é também idealizador de marcantes eventos como o “Projeto Ambiente”, um sarau contemporâneo com multilinguagens da palavra, e “Bailinho” a prestigiada e disputada balada das noites cariocas.
Ficha técnica
Adaptação, concepção e direção geral:
Rodrigo Penna
Elenco
Júlia Konrad, Kadu Garcia e Gustavo Damasceno
Direção de Produção
Rubim Produções
Tatyana Rubim
Participação Especial
Teuda Bara
Cenografia
Marcus Figueiroa
Figurino
Marie Salles
Direção de Arte
Marie Salles e Marcus Figueiroa
Iluminação
Lina Kaplan
Direção de movimento
Márcia Rubin
Consultoria de Roteiro
Adriana Falcão
Trilha Sonora
Chico Beltrão, Daniel Roland e Rodrigo Penna
Audiovisual
Batman Zavareze
Produção BH
Sartre
Produção RJ
Clarah Borges e Lucas Gustavo
Edição Audiovisual (projeções)
Gabi Paschoal
Participação Especial em Vídeo
Lázaro Ramos
Julia Lemmertz
Vídeos participações especiais
Fred Tonucci (Teuda)
Adriana Penna
Produtora Associada/temporada SP:
Fábrica de Eventos
Assessoria de imprensa
Pombo Correio -SP
Sinopse
Aurora traz um pouco de Minas e de Rio de Janeiro, um Brasil de poetas, cancioneiros, da Bossa Nova, os românticos! O espetáculo conta e celebra a vida e a obra do grande escritor mineiro, Paulo Mendes Campos. Crônicas inteiras, fragmentos, cartas, as colunas dos periódicos, seus amigos, amores, sua prosa tão poética. E através de diferentes linguagens, música, projeção, performance, os atores contam, encenam e recriam no palco suas lindas palavras e crônicas.
Serviço
Aurora - Uma homenagem à obra de Paulo Mendes Campos, de Rodrigo Penna
Temporada: 27 de novembro a 14 de dezembro de 2025. Quinta a sábado às 20h, domingo às 19h.
Centro Cultural São Paulo - Rua Vergueiro, 1000, Liberdade, São Paulo
Ingressos: Gratuitos. Ingressos disponíveis diretamente no site do CCSP e presencialmente. A retirada presencial acontece a partir das 14h do dia anterior à sessão (iniciando em 26/11).
Bilheteria: terça a sábado, 13h às 22h; e aos domingos e feriados, das 12h às 21h |
(11) 3397-4277
Classificação: 12 anos
Duração: 80 minutos
Capacidade: 320 lugares
Acessibilidade: sala acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida

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