Mad Sneaks mistura fúria e melancolia em seu último lançamento “Dirty Blood” - Ousados Moda

Ousados Moda

Blogueira,colunista,escritora e compositora.

Destaque

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Mad Sneaks mistura fúria e melancolia em seu último lançamento “Dirty Blood”

 

A Mad Sneaks nunca teve medo de se expor, mas em “Dirty Blood” a banda parece ir além: entrega um retrato cru, visceral e desconfortavelmente honesto de um caos íntimo que muitos evitam encarar. O novo single, que mistura peso, melodia e densidade emocional, carrega a essência de um grunge renascido no underground brasileiro, mas atualizado com camadas de vulnerabilidade e crítica. É nesse terreno entre a agressividade sonora e a poesia fragmentada da letra, que a Mad Sneaks reafirma sua identidade. Mais do que uma canção, “Dirty Blood” é um manifesto artístico que provoca, desafia e abre caminho para um mergulho profundo na atual fase da banda. Nesta entrevista exclusiva, o trio fala sobre a narrativa por trás de seus últimos lançamentos, as influências que moldaram sua trajetória e os próximos passos rumo ao novo álbum.
  

1 - Nos últimos singles — de Biocide e Dirty Blood até Roses, Shots and Fire e Coma — percebemos uma mistura intensa de peso, crítica social e também nuances mais pessoais. Como vocês enxergam essa sequência de lançamentos no sentido de contar uma narrativa sobre a identidade atual da banda e os caminhos que pretendem explorar daqui pra frente?
Esta é a real essência da arte como um todo. Qualquer forma de expressão artística precisa causar algum tipo de sensação, seja em quem cria, seja em quem consome, a magia acontece quando cada pessoa tem sua viagem individual em relação a cada obra, tudo depende do estado emocional do momento e só depois disso vem a catarse que acaba se tornando a trilha sonora das nossas vidas. Cada lançamento é meticulosamente escolhido para haver um complemento entre si, que às vezes, se analisados de forma solta, pode não ser claramente percebido, mas se ouvirmos a obra como um todo, é nítida toda essa conexão, desde os temas até os timbres dos instrumentos. É desta forma que sabemos fazer, é justamente desta forma que acreditamos e que continuaremos fazendo.


2 - Seu som navega entre o grunge dos anos 90, rock alternativo e elementos introspectivos. Quais artistas ou álbuns marcaram a direção musical que vocês abraçam hoje?
Nosso som vem fortemente do grunge dos anos 90, mas também de vários outros estilos musicais que marcaram nossas vidas. Bandas como Nirvana, Silverchair, Social Distortion, Helmet, Seether, Alice in Chains, Avenged Sevenfold, Foo Fighters foram fundamentais, sem falar em alguns trabalhos mais recentes que exploram dinâmicas diferentes dos habituais. Mas, no final, a gente sempre tenta pegar essas referências e transformar em algo que seja só nosso.


3 - A colaboração com artistas renomados e a aprovação para faixas como “Something in the Way” mostram que vocês têm reconhecimento forte na cena. Qual papel essas parcerias tiveram na evolução artística da banda?
Trabalhar pessoalmente com artistas como Page Hamilton (Helmet) é surreal, porque você simplesmente se vê ali naquele lugar onde nunca pensou que poderia chegar. Quando que o Amaury Johns de 2010/2012 poderia sonhar que aquela mesma pessoa/banda que ele tanto assistia/ouvia em sua casa, um dia estaria na mesma sala que ele?! Isso era e ainda é absolutamente inconcebível. Também trabalhamos com Jack Endino, que está totalmente ligado à cena grunge de Seattle, onde produziu praticamente toda grande banda que saiu daquela cidade. Charles Cross (RIP), que também estava ligado à mesma cena, nos fez elogios que simplesmente nunca serão apagados de nossas memórias. Esse tipo de situação realmente faz tudo valer a pena. Mesmo que nosso “grande dia” nunca chegue, esses momentos pagam por tudo.


4 - Como vocês equilibram as escuras atmosferas com momentos melódicos ou vulneráveis — especialmente quando partes suaves, ou contrastes dinâmicos nas músicas?
Essa dinâmica é uma parte importante do famoso Seattle Sound. Não é apenas sobre criar tensão ou melodia, mas sobre como a luz e a sombra podem atuar em um mesmo espaço. Às vezes a música precisa ser um soco na cara e às vezes um abraço inesperado. E às vezes você pode sentir as duas coisas na mesma obra. Gostamos de deixar que a dinâmica apareça de forma natural entre a gente, como se a obra final pudesse respirar sozinha.


5 - Pensando nos próximos passos: o que os fãs podem esperar da Mad Sneaks nos próximos lançamentos e no álbum completo? Há temas ou conceitos que vocês pretendem aprofundar?
O álbum completo vai ser mais coeso, mas ainda cheio de contrastes: temas sociais, introspecção, caos e beleza. Somos da velha guarda e escutar o álbum completo na sequência correta faz ainda mais sentido do que escutar apenas as músicas ou singles isolados. Sabemos que a nova geração não tem muita paciência para essa forma de consumir música, mas precisamos ser fiéis ao que acreditamos. Os fãs podem esperar, antes de mais nada, a nossa mais profunda verdade, nunca fazemos nada pensando somente em agradar grandes massas. Este disco é a transparência de nossas almas, cheio de intensidade, mas também momentos de vulnerabilidade. A ideia é que cada música seja uma experiência que desafie, provoque, emocione e conecte com o ouvinte. E aqueles que conseguirem sentir isso com a gente, que sejam bem-vindos à família Mad Sneaks. Somos a Mad Sneaks e a gente faz barulho!


Nenhum comentário:

Postar um comentário