Além do corpo, o câncer de mama e seus tratamentos impactam silenciosamente a mente. Entenda como quimioterapia, queda hormonal e estresse oxidativo alteram cognição, humor e emoções e o que a ciência já aponta como caminhos de proteção.
Quando falamos de câncer de mama, o foco quase sempre recai sobre cirurgia, quimioterapia, radioterapia e, felizmente, sobre a taxa de sobrevivência que só cresce. Mas há um território silencioso, muitas vezes ignorado, que também merece atenção: as sequelas cognitivas e emocionais que acompanham o tratamento.
“Esquecimento frequente, dificuldade de concentração, ansiedade, oscilações de humor e até sintomas semelhantes à depressão são cada vez mais relatados por mulheres em tratamento oncológico. Não são apenas reflexos emocionais do diagnóstico, são efeitos biológicos reais.”. Destaca o médico, Dr. Dárcio Pinheiro.
Como o tratamento oncológico afeta o cérebro
1. Quimioterapia e o “chemo brain”
O termo chemo brain já é usado pela comunidade científica para descrever a “névoa mental” que muitas pacientes relatam após a quimioterapia.
Estudos mostram que os quimioterápicos alteram neurotransmissores, prejudicam a neurogênese (formação de novos neurônios) e aumentam o estresse oxidativo cerebral. O resultado é um conjunto de sintomas cognitivos: lapsos de memória, raciocínio mais lento e dificuldade de foco.
2. Queda de estrogênio
O estrogênio não é apenas um hormônio sexual. Ele atua diretamente em áreas do cérebro ligadas à memória, ao humor e à plasticidade neuronal.
Mulheres que passam por supressão hormonal durante o tratamento (como uso de tamoxifeno ou inibidores de aromatase) enfrentam sintomas muito semelhantes aos da menopausa, mas em intensidade maior: ondas de calor, insônia, ansiedade e queda cognitiva.
3. Estresse oxidativo e inflamação crônica
O próprio câncer, associado ao tratamento, gera uma sobrecarga inflamatória e oxidativa. Esse ambiente interno compromete a função das células nervosas, acelera processos de envelhecimento cerebral e amplifica sintomas como fadiga mental, irritabilidade e baixa motivação.
Enquanto a medicina avança em índices de cura e sobrevida, muitas mulheres vivem o pós-tratamento carregando sintomas silenciosos que afetam carreira, vida social, autoestima e até relacionamentos. O corpo se recupera. Mas a mente continua pedindo ajuda.
Estratégias de proteção para o cérebro durante e após o tratamento
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