Obra de Aline Cântia e Chicó do Céu sistematiza metodologia inovadora que coloca o afeto como eixo estratégico da criação, gestão e sustentabilidade de projetos culturais
Num mercado cultural cada vez mais pressionado por resultados imediatistas e métricas quantitativas, o livro "Produção Cultural pelo Afeto" (Editora AbraPalavra) emerge como um farol para artistas, gestores e produtores que acreditam na cultura como tecido social. Resultado de mais de uma década de experiências práticas do Instituto Cultural AbraPalavra, projeto finalista do Prêmio Jabuti 2025 na categoria de Fomento à Leitura, a obra escrita pela jornalista, narradora e gestora cultural Aline Cântia em parceria com o músico e produtor Chicó do Céu desconstrói a falsa dicotomia entre profissionalismo e humanização no fazer cultural. O livro conta com ilustrações e diagramação do artista, jornalista e escritor carioca André Curvello.
Com uma estrutura que alterna entre memória afetiva, manual prático e ensaio crítico, o livro oferece um mapa detalhado para quem deseja construir projetos culturais sustentáveis a partir de três pilares fundamentais: relações humanas como base estratégica, escuta ativa dos territórios e metodologias colaborativas de gestão. "Nosso trabalho sempre partiu da premissa de que o afeto não é um detalhe romântico, mas a coluna vertebral de qualquer produção cultural verdadeiramente transformadora", explica Aline Cântia, cuja trajetória inclui desde a docência universitária precoce (aos 23 anos) até a criação da primeira escola brasileira dedicada à narração artística. Atualmente, a gestora cultural compõe o Conselho Diretivo do Plano Nacional Livro Leitura 2025-2035, como representante da sociedade civil notório saber, ao lado de nomes como Conceição Evaristo e Daniel Munduruku.
Dividido em quatro estações narrativas — "Primeiros caminhos", "Pé na estrada", "Rotas escolhidas" e "Na linha do horizonte" — o livro funciona simultaneamente como registro histórico, ferramenta formativa e manifesto político. Nos capítulos mais técnicos, os autores desvendam com transparência ímpar os bastidores da produção cultural: desde a elaboração de projetos para editais públicos até a complexa arte da prestação de contas, passando pela internacionalização de carreiras artísticas e pela criação de identidades visuais coerentes com os propósitos de cada iniciativa.
O diferencial da obra está justamente na capacidade de articular esses aspectos pragmáticos com reflexões profundas sobre o papel social da cultura. "Produzir culturalmente pelo afeto significa entender que cada projeto é uma rede viva de relações, que exige tanto planejamento financeiro quanto disponibilidade para o inesperado, tanto profissionalismo técnico quanto abertura para a magia dos encontros", reflete Chicó do Céu, cuja experiência como músico itinerante informa muitos dos casos práticos apresentados no livro.
Entre as contribuições mais originais da publicação está o conceito de "gestão cultural afetiva", sistematizado a partir da experiência concreta do Instituto AbraPalavra em comunidades periféricas, quilombolas e indígenas. Os autores demonstram como é possível conciliar excelência artística com inserção comunitária, mostrando casos reais onde a escuta ativa se transformou em potência criativa. Um dos capítulos mais emocionantes detalha o processo de criação da ELENA (Escola Livre de Estudos da Narração Artística), projeto educativo totalmente gratuito que já formou centenas de narradores em todo o país.
A edição, cuidadosamente trabalhada por Fernando Chagas, conta com ilustrações e projeto gráfico de André Curvello que dialogam organicamente com o conteúdo, criando uma experiência de leitura imersiva. O prefácio contextualiza a obra no cenário atual das políticas culturais brasileiras, marcado por desafios mas também por resistências criativas.
Sobre os autores
Aline Cântia, 43 anos, é jornalista formada pelo UNI-BH (2002), mestre em Literatura (2005) e doutora em Educação (2017). Narradora de histórias com atuação internacional, fundou aos 30 anos o Instituto Cultural AbraPalavra, organização que hoje engloba editora, escola de narração artística e Pontão de Cultura. Autora de "Narração Artística: modos de fazer", já recebeu prêmios como Pontos de Memória e Darcy Ribeiro por seu trabalho na interface entre arte, educação e território.
Chicó do Céu (Luiz Carlos Lopes Dinuci), 42 anos, é músico, compositor e produtor cultural. Natural de Itaperuna (RJ) e criado em Contagem (MG), dedica-se há duas décadas à produção cultural independente, com ênfase em processos colaborativos e gestão comunitária. Já realizou turnês nacionais e internacionais com projetos que unem música, literatura e oralidade.
Adquira “Produção Cultural pelo Afeto” no site da editora AbraPalavra: https://
Adquira o e-book via Amazon: https://www.amazon.
Nenhum comentário:
Postar um comentário