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quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Documentário mostra como The Biggest Loser reforçou estigmas sobre obesidade; personal afirma que o reality traz consequências até hoje

 

Produção da Netflix, “Fit For TV: The Reality of the Biggest Loser” revela bastidores de treinos extremos, dietas restritivas e episódios de exaustão; Bruno Sapo alerta para distúrbios alimentares, efeito sanfona e a perpetuação da gordofobia promovidos pelo formato que foi febre nos anos 2000

Reprodução The Biggest Loser


O reality The Biggest Loser fez sucesso no mundo inteiro no início dos anos 2000, mostrando participantes obesos em busca de emagrecimento extremo. Agora, o documentário Fit for TV: The Reality of the Biggest Loser, lançado neste mês na Netflix, mostra o que havia por trás da narrativa de “superação”: desmaios, privações, estigmas e consequências físicas e emocionais. Ex-participantes relatam cenas de abuso e exaustão e vêm levantando polêmicas incluindo o nome da treinadora Jillian Michaels. 


Para o personal trainer Bruno Sapo, qualificado pela instituição ACE em treinamento de pessoas gordas, o programa ajudou a moldar um imaginário perigoso sobre saúde. “Programas como The Biggest Loser moldaram e refletiram a forma de pensar sobre exercício e alimentação de muita gente. Por muito tempo a única e mais eficaz forma de emagrecer era aquela mostrada no programa: sofrimento, privação, desmaio, gritos por parte do/da Personal Trainer, culpa… Se não fosse assim não servia.”


Esse modelo, segundo ele, levou pessoas a buscarem profissionais que reproduzem a mesma lógica de dor, ignorando os danos à saúde. Bruno lista alguns pontos que ainda aparecem em dietas da moda e desafios nas redes sociais:


  • Associar emagrecimento à solução de todos os problemas;
  • Usar antes e depois como única métrica de sucesso;
  • Reforçar a ideia de que sem dor não há resultado;
  • Ridicularizar corpos gordos.

Sobre as famosas fotos de antes e depois, popularizadas no reality, ele frisa: “Condicionar se um treino está ‘funcionando ou não’ baseado em uma foto pode ser muito prejudicial”. Ele lembra que ganhos como melhora do sono, disposição, produtividade e até sintomas da TPM não aparecem em fotos, mas são avanços reais.


O formato de competição também preocupa. “Desafios de emagrecimento potencializam distúrbios alimentares e de imagem. A partir do momento que ‘ganha quem emagrece mais’, a pessoa pode fazer de tudo pra ganhar, o que não necessariamente é saudável”, diz Bruno.


Além do impacto psicológico, há consequências físicas: “Perda de massa magra, queda da imunidade, efeito sanfona, redução no metabolismo entre outros.”


O personal defende que a evolução deve ser medida por indicadores mais inteligentes, como a frequência nos treinos, o aumento de carga nos exercícios e a melhora em hábitos cotidianos. Já o IMC, segundo ele, precisa ser visto com cautela. “O IMC foi criado imaginando um corpo global, branco e generalizado, que não existe. Por muitas vezes, ele é usado de forma discriminatória, desconsiderando a pessoa pelo que ela é e sim por seus números que não se adequam àquela tabela de valores.”


Saiba mais sobre Bruno Sapo


Os conceitos do futebol americano e os R$ 200 emprestados do pai foram suficientes para levar Bruno Sapo a se tornar uma referência em educação física. Ex-atleta, educador físico e comentarista, Bruno é conhecido por desenvolver o Treino do Sapo (TDS), uma metodologia própria de condicionamento físico criada para pessoas comuns, baseada nos fundamentos do futebol americano. “Preto, Profissional de Educação Física, anti-racista, treinador, ex-atleta, nerd e crossfiteiro”, como se descreve Bruno, ele se posiciona abertamente sobre temas que muitos evitam, como desmistificação da atividade física, gordofobia, racismo, entre outros, e se destaca ainda mais por isso.


Mais informações sobre Bruno Sapo

www.instagram.com/brunorosa.sapo

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