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quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Adolescentes e cirurgias plásticas: quando o desejo de mudar o corpo vira alerta psicológico e legal

 

Adolescentes e cirurgias plásticas: quando o desejo de mudar o corpo vira alerta psicológico e legal

 

Nos últimos anos, o número de adolescentes buscando cirurgias plásticas tem chamado atenção de médicos, psicólogos e autoridades. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), aproximadamente 10% dos procedimentos realizados no país envolvem pacientes entre 13 e 19 anos, um percentual que cresce ano a ano, impulsionado pela exposição nas redes sociais e pela pressão por padrões estéticos.

 

Para especialistas, a preocupação vai além da estética: envolve saúde mental, desenvolvimento físico e questões legais. Segundo Dr. Hugo Sabath, cirurgião plástico da Clínica Libria, “o adolescente ainda está em fase de desenvolvimento, física e emocionalmente. Procedimentos cirúrgicos nesse período exigem análise cuidadosa, pois podem impactar autoestima e imagem corporal de forma duradoura”.

 

Pressão social e influência digital

 

O aumento da influência de redes sociais, filtros e padrões de beleza tem intensificado o desejo de adolescentes por mudanças no corpo. “A comparação constante com celebridades e influencers cria um senso de insatisfação corporal que muitas vezes não corresponde à realidade biológica do jovem”, alerta Dr. Sabath.

 

Psicólogos reforçam que a cirurgia plástica não deve ser usada como forma de compensação emocional. Em muitos casos, a intervenção precoce pode mascarar transtornos de imagem corporal, como dismorfia, ansiedade e depressão.

Aspectos legais e cuidados médicos

 

No Brasil, a legislação estabelece limites claros para cirurgias em menores de idade. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), procedimentos estéticos em adolescentes só podem ser realizados com autorização formal dos pais ou responsáveis, e após avaliação médica criteriosa que considere riscos físicos e psicológicos. Procedimentos reparadores, como correção de malformações congênitas ou sequelas de acidentes, podem ter flexibilizações, mas ainda exigem supervisão multidisciplinar.

 

Dr. Sabath ressalta: “Não é proibido operar adolescentes, mas é fundamental que haja avaliação psicológica, conversa com a família e expectativas realistas. O foco deve ser sempre a segurança e o bem-estar do paciente”.

 

Dicas para famílias e adolescentes

 

1. Avaliação psicológica prévia: identificar motivação e expectativas reais.

2. Consulta médica detalhada: verificar se o adolescente já atingiu maturidade física adequada.

3. Acompanhamento multidisciplinar: equipe composta por cirurgião, psicólogo e, se necessário, nutricionista ou endocrinologista.

4. Esclarecimento legal: assinatura de consentimento informado pelos responsáveis é obrigatória.

5. Foco na autoestima e bem-estar: estimular hábitos saudáveis e autoconfiança antes de qualquer intervenção cirúrgica.

Um olhar responsável sobre a estética jovem

 

Embora a cirurgia plástica possa melhorar autoestima, sua indicação em adolescentes exige responsabilidade ética, psicológica e legal. Para Dr. Sabath, “o objetivo deve ser sempre apoiar o adolescente a se sentir bem consigo mesmo, evitando decisões impulsivas motivadas por padrões de beleza ou pressões sociais”.

 

O desafio, segundo especialistas, é equilibrar o desejo de mudança com maturidade emocional e segurança, garantindo que qualquer procedimento seja seguro, consciente e contribuindo para a saúde integral do jovem.

Dr. Hugo Sabath

Cirurgião Plástico – CRM 131.199/SP

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