Laudelina estreia na SP Escola de Teatro em 17 de julho e propõe mergulho poético na memória e na luta das trabalhadoras domésticas negras - Ousados Moda

Ousados Moda

Blogueira,colunista,escritora e compositora.

Destaque

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Laudelina estreia na SP Escola de Teatro em 17 de julho e propõe mergulho poético na memória e na luta das trabalhadoras domésticas negras

 Com direção de Luiza Loroza, solo protagonizado por Rafaele Breves é inspirado trajetória de Laudelina de Campos Mello, figura importante na luta pelos direitos trabalhistas no país

Crédito: Juliana Nascimento



SP Escola de Teatro recebe em julho a estreia do espetáculo Laudelina, solo poético-documental que costura memória, política e ancestralidade a partir da trajetória de Laudelina de Campos Mello — trabalhadora doméstica, militante e uma das figuras mais emblemáticas da luta por direitos trabalhistas no Brasil. O espetáculo cumpre temporada de duas semanas, de 18 a 27 de julho, na Sala Alberto Guzik, com apresentações gratuitas às sextas e sábados, às 20h30, e domingos, às 18h.

Com dramaturgia inédita assinada por Cristiane Sobral e Rafaele Breves e direção de Luiza Loroza, a montagem é protagonizada pela atriz Rafaele Breves, que entrelaça a história de Laudelina com memórias íntimas de sua própria linhagem familiar. “É um corpo em cena que traz não só a força das lutas passadas, mas também o peso e a beleza do que herdei das mulheres da minha família, que como Laudelina, foram cozinheiras, faxineiras, babás. E com esse solo, eu conto essa história como quem costura um tecido ancestral, ponto por ponto”, afirma Rafaele.

Realizado pela Dupla Companhia, grupo sediado no interior paulista, o projeto reúne uma equipe formada majoritariamente por mulheres negras de diferentes regiões do país, conectando experiências do Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo e Pará. Para Lucas Gonzaga, diretor artístico da companhia, o espetáculo dá continuidade a uma pesquisa que atravessa diversas montagens do grupo: “Temos como eixo a investigação entre Território, Memória e Identidade. 'Laudelina' surge como um gesto de escuta e permanência. Não é uma biografia encenada, mas uma evocação poética das vozes que foram apagadas da história oficial”.

Entre relatos íntimos, registros históricos e imagens de resistência, a peça convida o público a refletir sobre os impactos do trabalho doméstico na vida de milhares de mulheres negras brasileiras, muitas vezes invisibilizadas, exploradas e esquecidas. “Descolonizar, às vezes, é descansar. É interromper o ciclo da exaustão, da obediência forçada, da entrega sem retorno. Com esse trabalho, queremos propor imaginação, invenção e desordem como formas de resistência”, pontua Rafaele.

Laudelina também destaca o esforço coletivo da Dupla Companhia em propor novas narrativas e estéticas para os palcos brasileiros. O grupo, que já encenou montagens como "As Três Marias" (2022), "Ícaros" (2024) e ”Nise em Nós” (2025), mantém seu compromisso com produções que promovem interseções entre arte, educação e memória. “Estamos falando de um teatro que parte do chão da vida real, mas que se permite sonhar — porque, como dizia Fanon, 'não se pode construir o que não se pode imaginar’”, conclui Gonzaga.

O espetáculo tem realização da Dupla Companhia, em parceria com o Ministério da Cultura do Governo Federal e a Secretaria de Estado da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.

SOBRE A DUPLA COMPANHIA

Somos uma produtora cultural sediada em Tatuí, no interior do Estado de São Paulo, com atuação contínua na criação, produção e gestão de projetos que promovem intersecções entre arte, cultura e educação. Nossas ações se articulam a partir dos eixos da Memória, Território e Identidade, mantendo o compromisso com a difusão cultural, a formação de públicos e a valorização da diversidade. Desenvolvemos obras que propõem transversalidades poéticas nos campos expandidos do teatro, da música, da dança e do audiovisual, com foco na escuta dos territórios e na construção de experiências artísticas significativas. Por meio de editais e leis de incentivo à cultura, estruturamos um repertório que inclui os espetáculos Esperando Godot (2020), Alma Pueril (2021), As Três Marias (2022), Ícaros (2024), Nise em Nós (2025), Laudelina (2025), Por Trás do Céu (2025) e Desacorde (2026). Cada uma dessas criações reúne equipes especializadas e colaborativas, compostas por artistas de diferentes regiões do Brasil e do mundo. Entre os nomes que já integraram nossas produções estão Inês Peixoto, Luís Alberto de Abreu, Duda Rios, Cristiane Sobral, Rita Von Hunty, Luiza Loroza, Francesca Della Monica, Babaya, Claudinei Hidalgo, entre muitos outros convidados que contribuem com saberes diversos e práticas artísticas plurais. Entre os principais parceiros institucionais, destacamos o Ministério da Cultura do Governo Federal, a Secretaria de Estado da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, o SESI-SP, a Bolsa de Valores (B3), o Banco do Brasil e o Banco Safra, além de colaborações com centros culturais, museus, redes educativas e organizações de distintas regiões do país.


Ficha Técnica

Atuação, texto inédito e idealização: Rafaele Breves

Direção e cenografia: Luiza Loroza

Texto inédito: Cristiane Sobral

Figurinos: Nilo Mendes

Iluminação: Dara Duarte

Visagismo: Claudinei Hidalgo

Assistente de cabelo e maquiagem: Pedro Torriani

Cenotécnica: Bruna Boliveira

Trilha sonora: João Loroza

Identidade visual: Laís Oliveira

Fotografia: Juliana Nascimento

Direção de comunicação: Rafaele Breves

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Idealização, direção de produção, vídeos e operação de som: Lucas Gonzaga

Produção executiva: Miranda Gonçalves


Sinopse

"Laudelina" é um solo poético-documental que entrelaça a trajetória de Laudelina de Campos Melo — mulher negra, trabalhadora doméstica e referência histórica na luta por direitos trabalhistas no Brasil — com as memórias ancestrais da atriz Rafaele Breves. Em cena, o corpo da atriz costura tempos, vozes e silêncios, evocando histórias de sua mãe, avó e bisavó, todas mulheres negras marcadas pelo mesmo ofício que mobilizou a vida e a militância de Laudelina. A peça não busca uma reconstrução biográfica, mas sim a criação de um espaço de escuta, atravessamento e permanência, onde história e intimidade se cruzam como fios de uma mesma trama. A montagem propõe ao público um mergulho em experiências que atravessam os séculos e reverberam no presente, convocando uma reflexão coletiva sobre trabalho, gênero, raça e memória.

Serviço

Laudelina
Temporada: 18 a 27 de julho de 2025

Às sextas e aos sábados, às 20h30, e aos domingos, às 18h

SP Escola de Teatro – Sala Alberto Guzik (R1) – Praça Franklin Roosevelt, 210, Consolação, São Paulo
Ingressos: Gratuitos. Retiradas somente pela internet na Sympla SP Escola de Teatro - www.sympla.com.br/produtor/spescoladeteatro
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 80 minutos

Capacidade: 60 lugares

Acessibilidade: sala acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, tradução simultanea para língua brasileira de sinais, audiodescrição, visita tátil para pessoas não videntes


Nenhum comentário:

Postar um comentário