Renato Maia une filosofia e ficção em contos que expõem a miséria humana com humor ácido, com sessão de autógrafos no dia 2 de agosto, em Paraty
"O homem é miserável, pois nada o satisfaz." É com essa premissa que Renato Maia constrói "Histórias que um pessimista contaria a seus netos se tivesse decidido ter filhos" (Editora Ases da Literatura, 200 págs.). Reunindo 40 contos breves, o livro transforma o cotidiano da classe trabalhadora em pequenas tragédias urbanas, onde heróis não são figuras míticas, mas pessoas comuns presas na rotina de ônibus lotados e contas a pagar. "A tragédia acontece não somente para príncipes, mas numa fila de mercado, para mães que calam a dor para não acordar os filhos", reflete o autor.
Renato Maia estará na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) 2025 e fará uma sessão de autógrafos no dia 2 de agosto, às 10h, no estande da com.tato, localizado na Casa Escreva, Garota (Travessa Gravatá 56c/d). Os visitantes da Flip poderão adquirir exemplares do livro diretamente no local e conhecer mais sobre a produção literária do autor.
Com influências declaradas de Schopenhauer e Camus, Renato investiga o desamparo humano através de personagens que oscilam entre a ânsia de viver e o tédio de existir. "A vida adulta nos roubou a capacidade de nos espantar com aviões no céu", diz o escritor, que usa o humor como contraponto ao pessimismo filosófico. O resultado são narrativas onde um sol escaldante pode levar ao crime, e onde feriados prolongados são planejados como fugas temporárias da fragilidade da vida.
O livro, escrito em um ano, dialoga com a obra anterior "Allegro Ma Non Troppo" (2022), também publicada pela editora Ases da Literatura. "Meu processo começa com uma partícula mínima de drama", explica o autor, que acumula experiências tão diversas quanto consultor financeiro, professor de tênis e cineasta. Essa multiplicidade transparece nos contos, que transitam entre o existencialismo e a sátira social.
Mais do que respostas, a obra propõe perguntas incômodas: por que seguimos em frente diante de tanto absurdo? O que nos mantém presos a trabalhos medíocres e relações vazias? "Talvez meu livro seja um convite para questionarmos as condições que aceitamos como naturais", sugere Maia. Numa era de coaches e positividade tóxica, sua escrita funciona como antídoto - sem prometer soluções fáceis, mas oferecendo a lucidez fria de quem sabe rir da desgraça.
Sobre o autor
Renato Maia (ABC Paulista, 1984) é formado em Audiovisual e Filosofia. Diretor, roteirista e fotógrafo, já exerceu profissões tão diversas quanto consultor de investimentos, técnico em eletrônica e "não-ator profissional". Na literatura, participou de antologias antes de estrear com "Allegro Ma Non Troppo" (2022), livro que representou o Brasil em Lisboa e na Bienal do Rio. Atualmente desenvolve um romance, pesquisa micronarrativas e planeja (quem sabe?) uma carreira musical - quando não está sonhando em ser astronauta.
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