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terça-feira, 29 de julho de 2025

Afastamento do celular durante as férias pode ser benéfico para a saúde mental das crianças

 

Com as férias escolares, as crianças ficam mais tempo em casa, acumulando energia e, muitas vezes, mergulhadas em telas. Mas esse período também pode ser uma grande oportunidade para fortalecer vínculos afetivos, cuidar da saúde mental e estimular a criatividade. 


Marcela Jardim (@falaseriotia), educadora física, sexóloga, educadora sexual, psicanalista e professora de filosofia, compartilha orientações valiosas para transformar o descanso em movimento, brincadeira e conexão. Confira: 


Movimento que diverte e faz bem


"As crianças têm muita energia acumulada, e o movimento é essencial para o bem-estar físico e emocional", afirma a especialista. Atividades simples já são suficientes: circuitos com objetos da casa, dança livre ao som de músicas animadas, caminhadas curtas ao ar livre e exercícios de respiração e relaxamento.


"Não precisa de muito para colocar o corpo em ação de forma divertida e segura. O importante é criar espaços de movimento onde a criança possa explorar, brincar e se expressar", comenta.


Sedentarismo infantil: impactos e soluções


Marcela alerta que o sedentarismo infantil vem crescendo, especialmente com o aumento do tempo de tela. "Crianças que passam horas diante de celulares ou TVs sofrem com má postura, dores, ganho de peso, irritabilidade, distúrbios do sono e queda na criatividade”. A atividade física, segundo ela, ajuda a reverter esse quadro. "Brincar ao ar livre, correr, pular, dançar, tudo isso favorece o corpo e as emoções".


Como desligar sem briga


"Desligar a tela não precisa ser guerra, nem parecer castigo", alerta. Ela sugere combinações claras e antecipadas: "Vamos jogar até tal hora, depois faremos outra atividade juntos". Rituais de transição também ajudam, como ler uma história ou tomar banho após o uso da tela.


"Quando a vida offline também é divertida, a tela perde o posto de única diversão. E os adultos também precisam dar o exemplo: desconectar-se de vez em quando é um aprendizado por espelho”.


Tela em excesso afeta emoções e relações


Marcela é categórica: o uso excessivo de telas prejudica o desenvolvimento emocional e social. "A criança perde oportunidades de aprender a se expressar, lidar com frustrações e se colocar no lugar do outro. Ela se desliga do corpo, das emoções e do próprio ritmo."


Por outro lado, o brincar espontâneo, aquele que surge sem roteiro pronto, é "nutrição emocional pura". Estimula a criatividade, descarrega tensões, desenvolve autonomia e fortalece os laços com os pais. "Brincar é conexão, é presença, é infância vivida."


O valor do tédio


Enquanto muitos adultos tentam evitar que os filhos se entediem, Marcela defende o contrário. "O tédio é uma pausa natural que abre espaço para a imaginação e a invenção. É no tédio que surgem as brincadeiras mais criativas".


Ela destaca que lidar com o tédio ajuda no desenvolvimento da autonomia, da paciência e da autorregulação. "Com acolhimento e acesso a materiais simples, o tédio pode ser um grande professor”.


Segurança sem sufocar a autonomia


Brincadeiras livres não significam falta de supervisão. Para Marcela, o segredo está no "olhar atento que não controla cada passo". Garantir um espaço seguro para explorar, ao mesmo tempo em que se está disponível para acolher e orientar, é a chave para equilibrar liberdade e proteção.



Férias: uma chance para fortalecer o afeto


As férias também são uma chance de reforçar laços entre pais e filhos. "Não são os grandes passeios que criam conexão, mas a qualidade da presença. Uma história na hora de dormir, uma refeição feita juntos, um momento de riso — tudo isso comunica: 'eu gosto de estar com você'".


Mesmo em rotinas corridas, pequenos gestos criam memórias duradouras. "As férias não são só uma pausa da escola. São uma oportunidade de estar junto de verdade. E isso a criança nunca esquece”.


Em tempos de hiperconectividade, estimular o corpo, brincar livremente e estar presente são formas potentes de cuidar da infância com leveza e amor.


REFERÊNCIAS:


The effectiveness of a parental guide for prevention of problematic video gaming in children: A public health randomized controlled intervention study


Do coping mechanisms moderate the effect of stressful life events on depression and anxiety in young people? A case–control study from Latin America


FONTE:


Marcela Jardim (@falaseriotia), educadora física, sexóloga, educadora sexual, psicanalista e professora de filosofia.

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