Por que muitos buscam o sagrado sem tradição?
De acordo com estudos do Instituto Datafolha (2022), mais de 60% dos brasileiros se consideram “espiritualizados”, mesmo sem seguir uma religião formal. Esse fenômeno é positivo em muitos aspectos, pois mostra um despertar interior. No entanto, há um crescimento paralelo de práticas espiritualistas superficiais, misturadas, comercializadas e descoladas de qualquer raiz cultural ou ética.
Esse "espiritualismo moderno" muitas vezes ignora ou desvaloriza tradições afro-brasileiras e iorubás, tratando Exu, orixás e entidades como “energias disponíveis” para consumo rápido — o que fere profundamente o propósito dessas religiões.
> “Ifá, por exemplo, é uma sabedoria oral milenar, com mais de 256 Odùs, versos poéticos e filosóficos que orientam a vida humana. Não é um aplicativo de destino. Exige estudo, humildade, disciplina e iniciação legítima”, explica Ifatokun.
A tradição como ferramenta de equilíbrio
Tradições espirituais afrodescendentes não apenas conectam o indivíduo ao divino, mas também resgatam identidade, fortalecem autoestima e promovem pertencimento. O culto ao Ori (a cabeça, destino e consciência individual), muito presente em Ifá, é um exemplo claro disso: ao cuidar do Ori, a pessoa se alinha com seu propósito, toma decisões com mais clareza e respeita seu caminho de vida.
> “O Ori é o orixá mais importante, porque é ele quem escolhe antes mesmo de nascermos. Se você não respeita seu próprio destino, como vai respeitar os dos outros?”, diz o Babalawo.
Além disso, tradições como o Candomblé e a Kimbanda oferecem acolhimento coletivo, valores éticos e respeito à ancestralidade — aspectos fundamentais para quem busca cura, estrutura emocional e equilíbrio espiritual.
Caminhar com consciência: dicas de Ifatokun para quem está em busca espiritual
1. Respeite as religiões e tradições – Nenhuma fé é melhor do que outra. Cada pessoa tem seu caminho, sua missão e seu tempo de despertar.
2. Busque sacerdotes e casas com linhagem e responsabilidade – Conheça a origem, pergunte sobre a formação e não confie em rituais feitos às pressas ou por redes sociais.
3. Entenda antes de se iniciar – A iniciação é um renascimento. Exige tempo, preparo e entrega. Não faça por curiosidade ou desespero.
4. Cuide do seu Ori – Consulte oráculos verdadeiros, escute os conselhos espirituais e alinhe seu caminho com seu destino.
5. Evite o sincretismo sem estudo – Misturar religiões sem conhecer suas bases pode criar confusão espiritual. Honre cada tradição como ela é.
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