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quinta-feira, 19 de junho de 2025

Burnout atinge 30% dos brasileiros e vira tema em Vale Tudo com colapso do personagem Renato

 


No remake da novela Vale Tudo, exibido em 2025, o personagem Renato Filipelli, interpretado por João Vicente de Castro, é o retrato do profissional bem-sucedido: executivo de uma agência, elegante, articulado, conectado e incansável.

Mas por trás da aparência de controle absoluto, ele desaba. O diagnóstico? Burnout, a síndrome do esgotamento profissional que se tornou epidemia no mundo moderno.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país com mais casos de burnout no mundo, atrás apenas do Japão. Estima-se que cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros sofram com sintomas da síndrome, que foi oficialmente reconhecida pela OMS como um fenômeno ocupacional relacionado ao estresse crônico no trabalho que não foi gerenciado com sucesso.

Para a psiquiatra Dra. Maria Fernanda Caliani, esse dado não surpreende. “O burnout é cada vez mais comum em pessoas que vivem para o trabalho, que se sentem pressionadas a performar o tempo todo, sem espaço para pausas ou vida pessoal. O personagem Renato representa isso com precisão: um homem brilhante, mas emocionalmente esgotado, que confunde identidade com cargo e não consegue desligar”, explica.

A síndrome de burnout não é “mimimi”, nem preguiça. Ela se manifesta por meio de sintomas como cansaço extremo, insônia, lapsos de memória, irritabilidade, dores físicas, crises de ansiedade, perda de motivação e, em casos graves, depressão. “É uma desconexão progressiva de si mesmo. A pessoa entra no automático, cumpre metas, mas perde o prazer, a clareza, o vínculo com os outros e até a própria saúde”, destaca Dra. Maria Fernanda.

Um levantamento da International Stress Management Association (ISMA-BR) apontou que 72% dos trabalhadores brasileiros sofrem alguma consequência do estresse, sendo que 32% já apresentam sintomas de burnout diagnosticado ou em estágio avançado. A faixa etária mais afetada está entre 30 e 45 anos, justamente o grupo mais ativo no mercado e que, muitas vezes, acumula pressão profissional com responsabilidades familiares.

Na novela, Renato chega ao limite. Sozinho, emocionalmente instável, com a saúde física comprometida e sem vínculos reais fora do trabalho. A trama escancara um dilema contemporâneo: vale tudo pelo sucesso? Até onde o corpo e a mente aguentam?

“Precisamos resgatar a ideia de que descansar é necessário, que o autocuidado é estratégico, e que viver com equilíbrio é mais sustentável do que viver para produzir. Não se trata de desistir da carreira, mas de colocar limites. Ter sucesso não pode significar adoecer”, reforça Dra. Maria Fernanda.

O personagem da ficção pode se recuperar com ajuda e terapia e esse é um ponto importante da novela. Mas na vida real, muitos ainda silenciam o sofrimento por medo de parecer fracos. É hora de mudar essa lógica. Porque, como alerta a psiquiatra, “quando o trabalho vira tudo, a vida vira quase nada”.

Dra. Maria Fernanda Caliani - Psiquiatra – CRM – 140.770 / RQE 71653

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