No dia 18 de junho, o mundo celebra o Dia do Orgulho Autista, uma data criada por pessoas autistas para pessoas autistas. Mais do que um marco simbólico, esse é um lembrete urgente: milhões de adultos ainda não sabem que estão no espectro. Vivem exaustos, incompreendidos e tentando se encaixar em padrões sociais que nunca foram feitos para eles.
Segundo os dados mais recentes dos Centers for Disease Control and Prevention (CDC), 1 em cada 31 indivíduos está dentro do Transtorno do
Espectro Autista (TEA).
Mas, como reforça o neurologista Dr. Matheus Trilico, referência no diagnóstico e tratamento de adultos autistas, esse número pode ser ainda maior quando se trata de homens e mulheres que só recebem o diagnóstico na vida adulta ou nunca recebem.
“Muitos adultos passaram a vida ouvindo que eram ‘esquisitos’, ‘frios’ ou ‘intensos demais’. A verdade é que foram invisibilizados. Quando o diagnóstico vem, é como ligar a luz de um quarto onde a pessoa morou por anos no escuro”, ressalta o médico.
E os impactos disso vão muito além do emocional. Estudos mostram que adultos autistas não diagnosticados têm maior risco de desenvolver ansiedade, depressão e burnout, justamente por não entenderem o motivo de tanto desgaste em situações sociais, profissionais ou afetivas.
O cansaço não vem do autismo, vem da tentativa constante de camuflá-lo.
Autismo não tem cara, idade ou estereótipo
O orgulho autista não é sobre exaltar o sofrimento, mas sobre reconhecer uma identidade. É o direito de existir sem pedir desculpas. De trabalhar com as devidas adaptações, de se relacionar sem pressões sociais, de dizer “eu sou assim” e isso não precisa ser consertado.
“O orgulho autista é um movimento de pertencimento. Não é sobre celebrar diagnósticos, mas sobre celebrar pessoas. Pessoas reais, diversas, potentes, que merecem espaço em todos os lugares sem precisar se esconder atrás de máscaras sociais”, afirma o Dr. Matheus.
Inclusão e tratamento: caminhos para uma vida plena
Garantir a inclusão dos adultos autistas passa por promover ambientes acessíveis e acolhedores, seja no trabalho, na família ou na sociedade em geral.
Como destaca o Dr. Matheus Trilico: “A inclusão começa quando paramos de esperar que o autista mude para caber no mundo e começamos a mudar o mundo para caber o autista”.
Entre as estratégias para apoiar essa inclusão, estão adaptações no ambiente de trabalho, como flexibilização de horários, espaços com menos estímulos sensoriais e comunicação clara e o estímulo ao autocuidado e autoconhecimento.
No campo do tratamento, o neurologista aponta algumas abordagens eficazes para adultos:
- Terapia cognitivo-comportamental (TCC), para ajudar no manejo da ansiedade e desenvolver habilidades sociais;
- Apoio psicológico contínuo, que respeite a singularidade de cada pessoa;
- Grupos de apoio e comunidades autistas, que favorecem o pertencimento e o compartilhamento de experiências;
- Quando indicado, acompanhamento médico para sintomas associados como ansiedade e depressão.
O tratamento não tem o objetivo de “curar” o autismo, mas de promover qualidade de vida, autonomia e bem-estar.
Sobre o Dr. Matheus Trilico
Dr. Matheus Luis Castelan Trilico - CRM 35805PR, RQE 24818.
- Médico pela Faculdade Estadual de Medicina de Marília (FAMEMA);
- Neurologista com residência médica pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR);
- Mestre em Medicina Interna e Ciências da Saúde pelo HC-UFPR
- Pós-graduação em Transtorno do Espectro Autista
Mais artigos sobre TEA e TDAH em adultos podem ser vistos no portal do neurologista: https://blog.
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