Quando se fala em queda de cabelo, o foco costuma recair sobre hormônios, estresse e genética, o que faz sentido. Mas, por trás de muitos casos de fios ralos, frágeis e que não param de cair, pode estar uma deficiência quase invisível, negligenciada na maioria dos exames de rotina: a vitamina C. Famosa por sua atuação no sistema imunológico, a vitamina C também desempenha funções essenciais no couro cabeludo. E quando está em níveis baixos, mesmo que não cause sintomas clássicos como gengivas sangrando ou manchas na pele, pode atrapalhar diretamente o ciclo de crescimento capilar, principalmente em pessoas que já têm predisposição genética ou deficiência de ferro. “O que pouca gente sabe é que a vitamina C está envolvida em processos vitais para o cabelo. Sem ela, o ferro não é absorvido corretamente, o colágeno se degrada mais rápido e os folículos capilares se tornam vulneráveis ao estresse oxidativo”, explica o tricologista e cirurgião capilar Dr. Marcos Mendes, especialista em queda de cabelo e transplantes. Como a vitamina C influencia a saúde dos fios? A resposta está na bioquímica do corpo. A vitamina C atua em diversas frentes que impactam diretamente a saúde capilar: 1. Absorção de ferro: o elo mais crítico A queda de cabelo causada por baixa de ferritina é uma das mais comuns, especialmente entre mulheres. O ferro é essencial para o transporte de oxigênio até o bulbo capilar. Mas, para ser absorvido, o ferro não-heme (encontrado em vegetais) precisa da vitamina C. “Muitos pacientes tomam ferro e não melhoram. Quando associamos a vitamina C ao tratamento, os níveis sobem e a queda diminui. É uma associação direta e, muitas vezes, negligenciada”, destaca Dr. Mendes. 2. Proteção contra o estresse oxidativo O couro cabeludo é altamente vascularizado e sensível ao estresse metabólico. A vitamina C é um antioxidante potente que ajuda a neutralizar radicais livres, moléculas instáveis que, em excesso, danificam os folículos capilares e aceleram o afinamento dos fios. Pessoas que vivem sob alto estresse, fumam, dormem mal ou se expõem muito à poluição produzem mais radicais livres. Nessas condições, a demanda por vitamina C é maior e a queda de cabelo pode ser um dos primeiros sinais de desequilíbrio.
O colágeno é responsável pela firmeza da pele e pela sustentação do bulbo capilar. A vitamina C é essencial para a síntese e manutenção dessa estrutura, atuando como cofator das enzimas que produzem colágeno. 4. Melhora da microcirculação A vitamina C também favorece a integridade dos vasos sanguíneos que irrigam o couro cabeludo, o que melhora a entrega de nutrientes aos folículos. Um couro cabeludo bem nutrido é o primeiro passo para cabelos fortes e crescimento saudável. E quando há deficiência? Diferente do escorbuto (deficiência grave e rara), a deficiência leve e crônica de vitamina C é mais comum do que se imagina. E quase sempre passa despercebida. Pessoas com dietas pobres em frutas e vegetais frescos, fumantes, pessoas com distúrbios intestinais, uso crônico de medicamentos como antiácidos, ou mesmo atletas de alta performance podem ter níveis baixos funcionais, mesmo com exames aparentemente normais. Nesses casos, o cabelo se torna um dos primeiros sinais visíveis do desequilíbrio. O que fazer? A boa notícia é que a vitamina C é facilmente encontrada em alimentos naturais como:
No entanto, em pacientes com queda de cabelo ativa ou em tratamento para baixa ferritina, a suplementação pode ser indicada, especialmente em horários estratégicos (junto com o ferro ou em jejum). “Quando identificamos uma deficiência ou uma demanda aumentada, a suplementação é uma aliada. Mas é importante lembrar que o excesso também pode causar problemas, como distúrbios gastrointestinais. Por isso, o ideal é sempre avaliar com um especialista”, reforça Dr. Marcos Mendes. Se você está enfrentando queda capilar e já corrigiu outras possíveis causas, talvez seja hora de olhar para o que parece óbvio, mas que muitos ainda ignoram: se o seu cabelo está caindo, talvez o que esteja faltando não seja apenas um produto e sim um nutriente. E a vitamina C, nesse contexto, pode ser o fio condutor entre desequilíbrio e recuperação.
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