A devoção pela vizinha leva Ishigami a arquitetar uma sequência de passos a serem executados por Yasuko e Misato, mas o que parecia ser o plano perfeito logo se torna um jogo de gato e rato entre a polícia e os envolvidos, nos fazendo questionar até que ponto a lealdade e a devoção devem ser seguidos à risca.
SOBRE O AUTOR
Keigo Higashino, nascido em 1958 na cidade de Osaka, formou-se em engenharia pela Universidade da Província de Osaka. Em 1981 passa a trabalhar na Denso Corporation, em meio à indústria de peças automotivas. Entretanto, escrevia à noite e aos finais de semana e, em 1985, aos 27 anos, ganhou o Prêmio Edogawa Ranpo com a obra Hokago (Depois da escola). Dedica-se integralmente à carreira literária a partir de 1986.
Em 1999, ganha o 52º Prêmio de Escritores Japoneses de Romances Policiais com sua obra Himitsu (Segredo), que recebe adaptação cinematográfica e é posteriormente traduzida para o inglês como Naoko em 2004. A devoção do suspeito X, uma de suas obras mais afamadas, lhe rendeu o 134º Prêmio Naoki em 2005 e o 6º Prêmio de Romance Policial Autêntico em 2006.
Na própria perspectiva de Higashino, ele sempre escreve com intuito de suscitar a surpresa nos leitores, e prefere, ao invés de simplesmente explicar o significado global ao final da narrativa, valorizar desde o início as ações e as intenções dos personagens para oferecer um retrato mais fiel dos seus sentimentos de angústia e culpa ao longo de uma obra.
TRECHOS
“Poderiam, ela e a filha, suportar o interrogatório insistente dos investigadores? Com apenas frágeis desculpas preparadas, o colapso adviria à primeira contradição, e elas acabariam por confessar toda a verdade. Era necessário preparar uma lógica perfeita e uma defesa sem falhas. E imediatamente. Não se afobe, dizia ele consigo mesmo. Afobamento não levava a solução alguma. A equação decerto proporcionava uma solução. Ishigami cerrou as pálpebras, como de praxe ao deparar com um problema complicado. Bastava isolar-se das informações do mundo exterior para que diversas fórmulas matemáticas começassem a surgir uma após outra em sua mente.” [pág.49]
“Kusanagi mantinha os olhos fixos sobre o tabuleiro de xadrez à sua frente já por mais de vinte minutos, sem encontrar saída alguma. Não havia caminho de fuga possível ao seu rei, tampouco conseguia descobrir jeito para um ataque desesperado, como quando um rato parte para o tudo ou nada acossado pelo gato. Manobras diversas lhe vinham à cabeça, mas percebia que todas já seriam neutralizadas alguns lances adiante.” [pág. 51]
“Ishigami retornou à mesa. Em sua concepção, a matemática se assemelhava à busca de um tesouro. Em primeiro lugar, era necessário determinar a área, e depois, traçar a rota de escavação até o ponto desejado. Tinha de elaborar fórmulas matemáticas de acordo com esse planejamento para encontrar indícios. Se nada fosse encontrado, seria necessário alterar a rota. Esse procedimento deveria ser seguido à risca, com perseverança e ousadia, para se chegar ao tesouro, ou seja, à solução que ninguém conseguira alcançar.” [pág. 108]
“Observando Yasuko a distância, Kusanagi compreendeu que Yukawa lhe contara a verdade. Seu rosto empalidecia, como mesmo de longe se notava. Nem seria de se estranhar, pensou Kusanagi. Quem não se espantaria ao ouvir uma história como aquela? Ainda mais Yasuko, uma protagonista da história.” [pág. 317]
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