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quarta-feira, 7 de setembro de 2022

De volta com primeiro álbum em 15 anos, Terminal Guadalupe amplia horizontes com “Agora e Sempre”

 

Capa: Pietro Domiciano



“Agora e Sempre” (Loop Discos, 2022) é o novo álbum da banda Terminal Guadalupe, mas parece um retrato em branco e preto do Brasil: denso, sombrio, algo melancólico, mas com um fio de esperança. No país que definha sem governo em meio à maior crise sanitária, política e econômica de sua história, o disco é um documento. Rima resiliência com resistência.

Ouça 'Agora e Sempre' aqui: https://tratore.ffm.to/agoraesempre.

Já a faixa 'Exílio' ganhou um democlipe, com cenas de bastidores de gravação. Confira aqui: https://youtu.be/v4xyTyADp8U.

O álbum chega às plataformas digitais em 5 de setembro, data do 53º aniversário do Ato Institucional nº 13, o AI-13. Foi o mecanismo pelo qual a ditadura militar endureceu o regime e passou a expulsar “legalmente” qualquer cidadão tido como “inconveniente”.

É o quarto disco de estúdio do Terminal Guadalupe, o primeiro desde “A Marcha dos Invisíveis” (Independente, 2007), aclamado pela crítica e nos festivais da época.

A meio mundo de distância, os integrantes do Terminal Guadalupe juntaram sons sintéticos com timbres acústicos processados, em mergulho nas águas profundas da música eletrônica dos anos 1970, com subidas pontuais à superfície das paradas das playlists atuais, onde o ar fresco deu um banho de loja no som da banda, outrora identificada pelas guitarras.

Em Portugal, o paulistano Allan Yokohama (guitarra, violão, programações e voz) esculpia os arranjos, entre ritmos latinos, batidas programadas e violões distorcidos. Na Alemanha, o curitibano Fabiano Ferronato (bateria) criava as fundações das músicas novas, com vigor, pulsação e silêncios. No Brasil, o pantaneiro Dary Esteves Jr. (voz) modulava o discurso sem renunciar a canções.

O grupo (de WhatsApp, inicialmente) só ficou completo com a chegada do carioca Marcelo Caldas (baixo), da banda portuguesa The Invisible Age. Ele era velho conhecido da estrada: foi integrante do grupo glam Cabaret, que dividiu palcos com o Terminal Guadalupe em 2006 e 2007. Foi Marcelo quem também trouxe o produtor Iuri Freiberger.

Baterista da cultuada banda Tom Bloch, Freiberger lapidou álbuns de artistas novos e experientes, de Selvagens à Procura de Lei a Frank Jorge e Kassin. Ele e Yokohama dividiram a produção de “Agora e Sempre”, entre incontáveis trocas de mensagens e áudios e algumas poucas idas a Lisboa, onde bateria, baixo, guitarras, violões, sintetizadores e a voz de Allan foram gravados. Dary registrou sua voz em Curitiba.

O novo álbum traz canções em português, inglês, espanhol e italiano, fruto do esforço da banda para se comunicar com novos e diferentes públicos. Em “Ahora Y Siempre”, por exemplo, o convidado é o cantor e compositor uruguaio Dany López. Em “Privè”, a participação foi do cantor e compositor carioca Franco Cava, muito querido na Itália.

“As músicas transitam por universos diferentes, mas sempre chamam as coisas pelo nome, com a crueza de sentimentos que a realidade impõe. Isso torna o disco muito pesado ao mesmo tempo em que deixa claro: desistir não é uma opção. Buscamos forças. E recorremos a ironia, crítica e esperança para equilibrar as emoções”, teoriza Dary.

Sobre bases de cúmbia, flamenco, kraut-rock, sessentismo lo-fi e pop contemporâneo se assentam as letras de “Agora e Sempre”, que resgata um discurso histórico de Ulysses Guimarães: “Amaldiçoamos a tirania onde quer que ela desgrace homens e nações, principalmente na América Latina”. É esta banda que diz ao país: “Você ainda vai nos redimir”.

“Agora e Sempre”

Ficha técnica
Produzido por Iuri Freiberger e Allan Yokohama.
Mixado e masterizado por Iuri Freiberger.
Gravado nos estúdios Casa do Fundo e Arnica, em Curitiba, e Leo Bracht Transcendental, em Porto Alegre, no Brasil; IO, em Montevidéu, no Uruguai; e Hybrid 17 e Yokohome Studio, em Lisboa, Portugal.
Todas as músicas são de Allan Yokohama com letras de Dary Esteves Jr., exceto:
• “¿Qué Pasa, Cabrón?”, “Black Song” e “Holidays in Amityville” – letra e música de Dary Esteves Jr.
• “Ahora Y Siempre” – música de Allan Yokohama e letra de Dary Esteves Jr. e Dany López
• “Privè” – música de Allan Yokohama e letra de Franco Cava

Terminal Guadalupe

Allan Yokohama – guitarra, violão, programações e voz
Dary Esteves Jr. – voz
Fabiano Ferronato – bateria
Marcelo Caldas – baixo

Participações

Dany López – voz e piano em “Ahora Y Siempre”
Franco Cava – voz em “Privè”
Rodrigo Lemos – teclados em “A Flor de Drummond” e “¿Qué Pasa, Cabrón?”
Iuri Freiberger – percussão digital e intervenções sonoras

Capa

Pietro Domiciano

Agora e Sempre por Rubens Herbst, jornalista e crítico musical em Joinville (SC)

"Gostei bastante, mas o que mais me 'chocou' foi a variedade sonora. Achei que seria algo mais acústico, folk, mas me vi em meio a uma profusão de estilos (e idiomas) que me pareciam várias bandas tocando. O novo disco do Terminal Guadalupe obriga o ouvinte a abrir mente e coração e esquecer o passado - inclusive o da própria banda - e encarar os sombrios tempos de agora. 'Agora e Sempre' é, ao seu modo, urgentíssimo".

Fotomontagem/Terminal Guadalupe



Agradecimentos

Iuri Freiberger, Loop Discos, Dany López, Franco Cava, Rodrigo Lemos, Pietro Domiciano, Alexandre Azevedo e Matheus Bittencourt; João Mattos, Helena Yokohama, Família Yokohama, Mah Posh, Sara Mattos, Guilhermina Guerra, Francine Cristino, Oneide Diedrich, Ben Tinson, Alexandre Azevedo; Edna Esteves (in memoriam), Francisco Esteves, Leticia Tullio e família, Luiz Taques, Família Schabib, Daryce, Soler, Lomba, Cereja, Burigo, Bob, JW, Perdido, Manoel Magalhães, Fábio Della, Maurício Peixoto, Phillip Long, Marcelo Costa, Márcio Viana, Mônica Santana, Israel Reinstein, Bruno Sguissardi, Paulo de Nadal e grande elenco; Ellen, Família Prestes, Vera, Camillo, Ale e Carol Ferronato; Marina Ginde, Robson Caldas, Liédja Caldas, Camilla Farias, Gutenberg (o gato), Melvin Ribeiro, Gutenberg (o gato), Marisa Brito, Arthur Dapieve, Rodrigo Simas, The Invisible Age, ALCATUNE.

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