Casa Vogue_edição setembro_foto_ Max Burkhalter
Apenas quatro anos depois de conquistar o título de mestre de belas artes pela Universidade de Yale, o americano Vaughn Spann é considerado uma estrela em ascensão no acirrado mercado da arte dos Estados Unidos. Com um trabalho dedicado tanto à pintura figurativa quanto à abstrata – e, por isso, chamado de bilíngue por alguns críticos –, ele emprega uma técnica própria, que envolve camadas espessas de tinta e diferentes mídias para dar origem a superfícies altamente texturizadas. Aos 30 anos, o artista hoje se divide entre concorridas exposições solo, incontáveis encomendas e uma vida familiar que já inclui três filhos pequenos.
Em entrevista à Casa Vogue, Spann conta que em 2020 ficou com vontade de ficar mais perto dos parentes. Ele e a mulher, Alleea, decidiram então mudar-se de New Haven (no estado de Connecticut) para Maplewood, em Nova Jersey, terra natal de ambos. Após alguns meses em um primeiro endereço, o casal localizou a atual residência – um exemplar modernista dos anos 1950 no qual até a escada se encontrava em ruínas. “Apesar disso, adoramos de cara. Não coube negociação, mas, mesmo assim, compramos”, conta ele. Única entre as amplas propriedades de inspiração histórica do bairro, situadas de frente para a rua, esta fica a certa distância do meio-fio e pode até passar despercebida. “Muitos de nossos vizinhos nem sabiam que havia uma casa aqui”, diz Spann.
Os novos donos recorreram ao arquiteto Gary Rosard para expandir a área útil – ampliando a cozinha, por exemplo –, tudo com muito cuidado para respeitar a integridade e o estilo original da construção. No exterior, modificou-se o paisagismo, especialmente no quintal. “Basicamente, ele era uma colina. Virou um jardim de dois níveis, então dispomos de muito espaço ao ar livre para as crianças.” Além disso, há superfície de sobra para sua crescente coleção de arte, que aparece em todos os ambientes, além de obras suas. A principal delas, no living, pertence à Rainbow Series, que Spann começou ainda em Yale em homenagem a Trayvon Martin, assassinado na rua, em 2012, ao voltar de uma loja de conveniência. O adolescente negro carregava, no bolso, um pacote da bala multicolorida Skittles, cujo slogan é “deguste o arco-íris”.
Nas suas representações do fenômeno óptico, Spann adiciona o preto ao espectro de cores – maneira que encontrou de discutir a complexidade da questão racial em seu país. Seu ativismo se estende às telas que exploram o X como motivo. O símbolo, associado a poder, exclusão e vigilância, também é usado como ferramenta de marcação e intimidação, e corresponde ao formato do corpo quando a polícia coloca alguém contra a parede, situação vivida com frequência por jovens negros (inclusive pelo próprio autor).
Sob o teto do novo lar, essa militância convive livremente com outras linguagens e suportes. “Adoro livros sobre design e arquitetura. Prefiro formas curvas, circulares, redondas. E me vejo assim como pai: sem arestas duras, muito orgânico e confortável”, compara. “Amo que nossa casa seja tão aconchegante quanto bonita”, acrescenta Alleea. “Nossos filhos chegam, tiram os sapatos e correm para a edícula. Literalmente, é uma bela bagunça.”
A matéria completa pode ser conferida na edição de setembro de Casa Vogue, já disponível nas bancas de todo o país.
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