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terça-feira, 25 de novembro de 2025

Envidraçamento de Sacada: o que avaliar antes de fechar a varanda

 

As arquitetas Marianna Teixeira e Carolina Castilho respondem às principais dúvidas e explicam o que considerar antes de investir no fechamento da varanda

O fechamento de vidro na varanda é um dos recursos mais utilizados para incorporar a varanda à área social das residências | Projeto: Freijó Arquitetura | Foto: Mariana Camargo

Envidraçar a sacada do apartamento se tornou uma das soluções mais adotadas nos últimos anos — e, ao mesmo tempo, uma das que mais geram dúvidas. Como o fechamento de vidro envolve questões técnicas, estéticas, legais e até de segurança, é fundamental avaliar as normas do condomínio e as condições estruturais do edifício antes de seguir com o projeto.

 

As arquitetas Marianna Teixeira e Carolina Castilho, da Freijó Arquitetura, explicam que o desejo dos moradores de integrar ambientes continua sendo o grande motivo para optar pelo envidraçamento. “Principalmente, quando o apartamento é pequeno e a varanda se torna essencial para ampliar a área social, integramos esse espaço à sala de estar — o que exige o fechamento com vidro”, afirmam.

 

Mesmo quando a varanda não será incorporada à área interna, o envidraçamento traz vantagens: protege o mobiliário da chuva e da poluição e permite que o morador utilize o espaço também em dias chuvosos.

 

A seguir, as profissionais esclarecem as dúvidas mais comuns sobre o tema.

 

Conforto acústico e térmico

As arquitetas da Freijó Arquitetura optaram por manter a porta de correr da sala mesmo com o envidraçamento da sacada. Desta forma, os moradores podem reduzir o ruído externo enquanto assistem TV na sala | Foto: Mariana Camargo

O primeiro ponto de atenção é o isolamento termoacústico. “O conforto acústico não vai ser o mesmo. Diferentemente de uma porta ou janela padrão, o fechamento de vidro não apresenta uma vedação capaz de isolar o ruído da rua adequadamente”, explica Carolina Castilho. No aspecto térmico, o fechamento bloqueia o vento, mas não impede a incidência solar, aumentando a temperatura da sacada e, por consequência, do apartamento. Como solução, Marianna recomenda o uso de um piso frio, como porcelanato ou pedras naturais, que deixa o ambiente mais agradável nos dias de calor.


Normas do condomínio e questões de segurança

Além do tipo de envidraçamento, os condomínios determinam os modelos das persianas para manter a estética da fachada | Projeto: Freijó Arquitetura | Foto: Patricia Castilho

Antes de iniciar qualquer obra, é indispensável verificar se o condomínio permite o envidraçamento. “Em edifícios antigos, a prática pode ser proibida porque a estrutura não comporta a carga adicional. Já em empreendimentos mais recentes, arquitetos e engenheiros costumam prever essa possibilidade no projeto”, aponta Marianna.

 

Outro fator técnico relevante é a compartimentação vertical do prédio. Varandas projetadas como áreas abertas funcionam como anteparo horizontal, elemento essencial para desacelerar a propagação do fogo entre os pavimentos em caso de incêndio. Ao fechar a sacada, essa barreira deixa de existir.

Outro ponto relevante a ser considerado pelo condomínio é a necessidade de ventilação permanente em varandas que abrigam equipamentos a gás. Uma churrasqueira ou um aquecedor a gás, por exemplo, exige aberturas que garantam a troca constante de ar em caso de vazamento. Por isso, antes de avançar com o envidraçamento, vale verificar se essa ventilação obrigatória será preservada | Projeto: Freijó Arquitetura | Foto: Patricia Castilho

A estética da fachada também deve ser respeitada e costuma ser definida em assembleia. São padronizados itens como cor da estrutura, número de folhas, transparência do vidro, tipo de persiana e sentido de recolhimento. “Sem essa padronização, a fachada perde unidade e tende a desvalorizar os imóveis”, diz Carolina.

 

Valorização imobiliária

 

Segundo as profissionais da Freijó Arquitetura, imóveis com sacada envidraçada, geralmente, tendem a valorizar o imóvel no mercado imobiliário. Em grandes centros urbanos, o barulho e a poluição fazem com que varandas abertas sejam subutilizadas. Com o fechamento, o morador ganha um cômodo a mais, protegido da chuva, vento e sujeira, mesmo que não haja integração com o restante do apartamento.


Uso de películas: pode ou não pode?

Películas com proteção UV reduzem significativamente o calor interno sem alterar de forma perceptível a aparência do vidro | Projeto: Freijó Arquitetura | Foto: Paulo Schlick

Antes de aplicar qualquer película, é necessário consultar as regras do condomínio, já que o material pode impactar a estética da fachada. Películas incolores, em geral, não apresentam restrições. No entanto, versões mais escuras aumentam a privacidade, mas também retêm mais calor. Há ainda opções refletivas, semelhantes ao vidro espelhado, que ajudam a barrar o calor. “Esse efeito espelhado ocorre do lado de fora durante o dia. À noite, o reflexo se inverte, reduzindo a privacidade”, explica Carolina.

 

Sistemas de fechamento indicados

O sistema mais comum de envidraçamento usa roldanas, em que os painéis de vidro deslizam com o peso apoiado na parte superior | Projeto: Freijó Arquitetura | Fotos: Mariana Camargo

As inovações mais recentes dispensam roldanas para o sistema de fechamento. Nesse caso, o vidro fica apoiado na base e desliza sobre trilhos de polímero de alta densidade, garantindo mais estabilidade, menor necessidade de manutenção e maior durabilidade. “Embora demandem um investimento inicial maior, têm apresentado um funcionamento melhor, com movimentação mais suave de folhas pesadas, menor manutenção e maior durabilidade”, argumenta Marianna.


Como escolher o vidro?

A espessura dos vidros da varanda costuma variar entre 8 e 10 mm, dependendo do sistema adotado e do tamanho dos painéis, de acordo com a dupla da Freijó Arquitetura | Foto: Patricia Castilho

Carolina Castilho recomenda o uso do vidro temperado, mais resistente a impactos e que, em caso de quebra, fragmenta-se em pedaços pequenos e pouco cortantes. Ela destaca a importância de verificar se o fornecedor segue a NBR 7199, que regulamenta o uso de vidros na construção civil.

 

Instalação de ralo

 

Por se tratar de vidro com vidro, sem caixilho, sempre existe a possibilidade de entrada de água da chuva. Por isso, Marianna e Carolina reforçam a importância de instalar um ralo linear ao longo da sacada e escolher um piso de manutenção simples, como o porcelanato. “Assim, qualquer infiltração é rapidamente drenada”, orientam.

 

 

Sobre a Freijó Arquitetura

Fundado em 2011, o escritório é comandado pelas arquitetas Carolina Castilho e Marianna Teixeira. Atualmente, a Freijó Arquitetura reúne três frentes de trabalho: arquitetura, design de interiores e yacht design.

 

Natural de Campinas, Carolina é arquiteta e urbanista formada pela FAU USP, mestre em Inovação na Construção Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e possui MBA em Gestão de Projetos, Processos de Negócios e Tecnologia no IPT-USP. Iniciou a sua carreira na área náutica, o que lhe trouxe um rigor com a qualidade e uma paixão por desenvolver projetos customizados para cada cliente. Sensível e dedicada, se inspira nas histórias de cada um deles para criar espaços que enriqueçam suas vidas.

 

Mineira, Marianna é arquiteta e urbanista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e possui MBA em Gestão Empresarial na Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. De descendência suíça, passou a infância entre Minas Gerais e a Europa, vivência que ampliou seu repertório e contato com a natureza. Essa experiência se reflete na sensibilidade com que aplica materiais e texturas naturais em seus projetos.

 

Freijó Arquitetura

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