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quinta-feira, 13 de novembro de 2025

A pressão por ‘fechar o ano bem’: quando a autocobrança vira inimiga da saúde mental

 


Dra. Bianca Bolonhezi alerta para os efeitos da ansiedade de desempenho e convida à prática de autoconhecimento neste fim de ano

À medida que o ano se aproxima do fim, é comum que muitas pessoas se sintam pressionadas a fazer balanços pessoais e “encerrar ciclos”. Nas redes sociais e no ambiente de trabalho, o discurso do “fechar o ano com chave de ouro” se repete — e, junto com ele, cresce também a sensação de insuficiência.

A psiquiatra Dra. Bianca Bolonhezi explica que esse fenômeno está diretamente ligado à ansiedade de desempenho: um estado de tensão constante em que a pessoa se sente avaliada o tempo todo, inclusive por si mesma.

“Vivemos uma cultura que valoriza resultados e produtividade. Quando chega novembro, muita gente percebe que não cumpriu tudo o que planejou e isso pode gerar culpa, frustração e até sintomas de ansiedade ou desânimo”, explica a médica.

De acordo com a especialista, esse tipo de autocobrança excessiva pode começar de forma silenciosa — como insônia, irritabilidade, exaustão e dificuldade de concentração – até que aos poucos vá se tornando um transtorno.

“O cérebro entra em modo de alerta, tentando compensar tudo o que pareceu faltar. O problema é que esse movimento drena mais energia do que renova e impede justamente o descanso e a reflexão que o fim de ano deveria proporcionar”, pontua.

Para a Dra. Bianca, parte do antídoto está no autoconhecimento e na reflexão sobre o que é prioridade. “É prioridade no singular mesmo, pois se tudo tem o mesmo grau de importância, nossa atenção fica dividida cada dia e cada momento em uma área da vida e tudo parece estagnado o tempo todo”.

“Nem sempre o progresso será visível. Às vezes, o maior avanço foi atravessar um ano difícil ou ter tido a coragem de se priorizar e dizer ‘não’ mais vezes. Muitas vezes precisamos reconhecer até mesmo as pequenas conquistas e não apenas pensar em metas cumpridas”, ressalta.

A psiquiatra reforça ainda que a pausa de fim de ano deve ser um convite à leveza, não à comparação.

“Fechar o ano bem não é fazer mais do que o outro, mas sentir-se em paz com o que foi possível. A saúde mental começa quando trocamos a cobrança por gentileza conosco mesmos”, conclui.

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