Obra organizada pelo coletivo Mães que Escrevem apresenta 37 textos baseados no conceito de "escrevivência" de Conceição Evaristo, celebrando a narrativa real e afetiva das experiências maternas
Após oito anos de estrada, o projeto Mães que Escrevem concretiza um de seus maiores sonhos: a primeira coletânea impressa, intitulada “Escrevivências Maternas”. A obra é fruto do II Concurso Escrevivências Maternas – 2025 e reúne textos de 37 autoras, incluindo as três vencedoras e uma menção honrosa. Com organização da fundadora do projeto, Jo Melo, a antologia é um marco que simboliza a missão do coletivo de criar um espaço de pertencimento e dar voz às múltiplas realidades da maternidade.
A obra adota o conceito de “escrevivência”, cunhado pela escritora Conceição Evaristo, como fio condutor. A técnica valoriza narrativas pessoais e coletivas, utilizando uma linguagem afetiva e identitária para explorar as vivências maternas longe dos clichês. Os textos, divididos em capítulos como “O renascimento”, “A travessia do cuidar” e “A rede de apoio”, abordam temas como luto, maternidade atípica, solidão, autocobrança, alegrias cotidianas e a força da mulher-mãe. “A escrita me salva todos os dias. Enquanto escrevo, algo se transforma. A mente se aquieta, e eu entro em estado de êxtase”, compartilha Jo no texto de abertura, destacando a escrita como refúgio e ato de resistência.
Com mais de 150 inscrições, o concurso bateu um recorde de participação, refletindo a necessidade de mães e gestantes de compartilharem suas histórias. Os textos com as maiores notas foram selecionados para o livro. “Tive vontade de publicar todos os textos, mas seguimos com calma, ocupando espaços e levando as vozes maternas para além dos muros que tentam nos limitar”, relata a organizadora. As notas para os textos do concurso foram dadas por um júri composto por Querubina Aurélio, Débora Porto, Karoline Miranda e Monique Bonomini, todas mulheres com experiência em escrita e maternagem.
Através de relatos crus e poéticos, as autoras mostram a importância de compartilhar as dificuldades para quebrar o isolamento. A obra também apresenta a maternidade como uma jornada de transformação profunda, um renascimento para a mulher. “Representa uma realização e o reconhecimento do trabalho de todas as mulheres que participaram e apoiaram o nosso trabalho ao longo dos anos”, completa Jo sobre a importância da publicação para o Mães que Escrevem.
O projeto gráfico e a diagramação foram realizados de forma voluntária pela designer Thaila Nagazawa, e a capa é uma criação da colagista digital Crys Castro. A impressão de 100 cópias da obra foi patrocinada pela Fábrica do Livro e a divulgação em imprensa conta com apoio da com.tato - curadoria de comunicação.
Sobre a organizadora
Jo Melo (Joice Souza Melo, 37 anos) é jornalista, escritora, mãe e fundadora da revista Mães que Escrevem, projeto de empreendedorismo social criado em 2017 para oferecer rede de apoio e acolhimento através da escrita. Graduada em Letras, é mestranda em Estudos Linguísticos pela UNIFESP e possui pós-graduação em Marketing Digital e Jornalismo Digital. Diagnosticada como autista na idade adulta, possui hiperfoco em escrita e linguagens. É Imortal da Academia Mundial de Letras da Humanidade, autora premiada no VII Prêmio Talentos Helvéticos-Brasileiros na Suíça e finalista do Prêmio Mulheres Positivas. Publicou os livros “Os Cinco Sentidos” (Patuá, 2024) e “Hipérboles” (Viseu, 2022), além de diversas antologias.
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