O Dia Mundial da Saúde Mental, em 10/10, uma oportunidade para refletir sobre cuidados essenciais com crianças e adolescentes. Segundo a Dra. Aline Graffiette, psicóloga e CEO da Mental One, a geração atual enfrenta desafios inéditos devido à hiperconexão e ao uso intenso de redes sociais. “Vamos falar sobre essa geração hiperconectada, que não é só a geração mais jovem, é a geração mais velha também. Temos pessoas na faixa dos 40 a 50 anos que passam 15 horas por dia nas redes sociais. Elas acabam sendo distraídas constantemente por novidades, e o dia passa sem perceberem”, explica.
A especialista alerta para os impactos emocionais e cognitivos do uso excessivo das telas: “Um cérebro acostumado a liberar dopamina constantemente, ou seja, prazer imediato e barato, não consegue desenvolver funções executivas. Isso é muito grave, porque quando não tenho função executiva, perco a capacidade de interpretação de texto e de pensamento crítico”.
O uso constante das redes sociais também afeta a autoestima e a socialização: “A rede social é uma vitrine: ninguém vai colocar um tênis sujo na vitrine de um shopping, só o mais bonito e brilhoso. O problema é que os jovens acreditam que estão interagindo de forma real, mas o que veem é um espaço altamente produzido, muitas vezes com apoio de profissionais e filtros. Precisamos ensinar os jovens a dizer não para alguns conteúdos e a aproveitar o que ela tem de positivo. Assim, saímos do lugar da comparação e vamos para o da inspiração e do conhecimento”, alerta Aline.
Para os pais e cuidadores, a especialista reforça a importância de observar sinais de alerta e criar diálogo aberto: “Não é porque o jovem é quieto que isso é sinal de alerta, mas se antes era extrovertido e passa a se isolar, ou se alguém retraído começa a ter explosões incomuns, precisamos ligar o sinal vermelho. O suicídio é a única decisão sem volta. Muitas vezes, quem está no sofrimento não enxerga alternativas, mas quem observa de fora pode ajudar a mostrar que existem outras saídas.”
Ela também destaca o papel do acolhimento e da escuta ativa: “As pessoas em sofrimento não precisam apenas ser ouvidas, elas precisam de acolhimento e alternativas. Quem sofre pensa de forma binária, é sim ou não, viver ou morrer. O nosso papel é mostrar que existem dezenas de outras possibilidades entre esses extremos. Psicoterapia é eficiência e eficácia, com protocolos baseados em ciência para tirar a pessoa do sofrimento e oferecer perspectivas reais.”
Além de acompanhar o emocional, Aline reforça a importância de limitar o tempo de tela e estimular atividades físicas e sociais. O equilíbrio entre tecnologia, lazer, interação social e movimento é essencial para que crianças e adolescentes desenvolvam habilidades cognitivas, motoras e emocionais de forma saudável.
“O alerta é claro: atenção, acolhimento e limites saudáveis ajudam crianças e adolescentes a navegar na era digital com segurança, promovendo bem-estar emocional e desenvolvimento pleno”, conclui a Dra. Aline Graffiette.
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