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quinta-feira, 8 de maio de 2025

Dia das Mães: o que não dizer a uma mãe de anjo

 

Frases como "você pode tentar de novo" ou "foi melhor assim" podem parecer consolo, mas machucam. Psicóloga perinatal explica por que o acolhimento começa pelo silêncio e pela escuta

Crédito: Juan Pablo Serrano

Quando uma mulher perde um bebê durante a gestação ou logo após o parto, o luto costuma ser silencioso e, muitas vezes, solitário. Mesmo com boas intenções, comentários de amigos e familiares podem tornar esse momento ainda mais difícil. A cantora Lexa, que perdeu a filha dias após o parto, recentemente contou que não espera que ninguém compreenda sua dor. Para ela, a perda de um filho não se supera, é algo com que se aprende a conviver.


“A perda gestacional representa o fim de um sonho. O bebê já existia no afeto, no nome escolhido, nos planos que estavam sendo feitos”, explica Rafaela Schiavo, psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline. Segundo ela, reconhecer essa dor é essencial para oferecer um acolhimento verdadeiro. Frases como ‘você pode tentar de novo’ ou ‘foi melhor assim’ podem parecer consolo, mas invalidam o sofrimento.


Na semana do Dia das Mães, a psicóloga perinatal explica quais frases podem machucar ainda mais quem enfrenta uma perda gestacional ou neonatal, e o que pode ser feito para oferecer apoio. A especialista reforça a importância de validar o luto e mostra caminhos para acolher com empatia.


O que não dizer a uma mãe em luto 


"Foi melhor assim"

O luto perinatal não é apenas sobre a morte do bebê, mas sobre os planos e sonhos interrompidos. Dizer que “foi melhor assim” invalida o sofrimento e pode aumentar a sensação de culpa.


"Você pode ter outro filho"

Nenhuma nova gravidez substitui um bebê que foi perdido. Cada gestação é única, e essa frase pode minimizar a dor da mãe.


"Pelo menos você ainda não tinha criado vínculo"

O vínculo materno começa desde a gestação. A perda pode ser devastadora, independentemente da idade gestacional.


"Deus sabe o que faz"

Frases com conotação religiosa podem causar desconforto, principalmente se não forem compatíveis com as crenças da mãe.


"Seja forte"

O luto precisa de espaço para ser vivido. Pedir que a mãe seja forte pode pressioná-la a esconder seus sentimentos e tornar o processo ainda mais difícil.


Como oferecer apoio de verdade


Ofereça presença e escuta

Perguntas como "Quer conversar?" ou "Posso te ajudar com algo?" mostram que a pessoa está disponível sem pressionar.


Valide a dor da família

Frases como "Eu não posso imaginar sua dor, mas estou aqui para o que precisar" são mais acolhedoras do que tentar minimizar o sofrimento.


Respeite o tempo do luto

Cada pessoa tem seu próprio ritmo para processar uma perda. O melhor apoio é estar disponível sem cobranças ou expectativas.


Ajude com ações concretas

Oferecer ajuda prática, como cuidar de tarefas do dia a dia ou simplesmente estar por perto, pode fazer a diferença.


E o pai? Ele também sente o luto

O luto perinatal não afeta apenas as mães. Pais também sofrem o luto perinatal, mas raramente são incluídos nessa conversa. Muitos silenciam a própria dor para apoiar a parceira, mas também precisam ser acolhidos.


"Os pais muitas vezes são cobrados para serem fortes e apoiar a mãe, mas eles também perderam um filho e precisam de acolhimento. O luto paterno é real e deve ser respeitado", destaca Rafaela. Assim como as mães, os pais podem precisar de rede de apoio e acompanhamento de um psicólogo perinatal para lidar com essa fase.

 

Quem é Rafaela Schiavo?

Profª-Dra. Rafaela de Almeida Schiavo é psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline. Desde sua formação inicial, dedica-se à saúde mental materna, sendo autora de centenas de trabalhos científicos com o objetivo de reduzir as elevadas taxas de alterações emocionais maternas no Brasil.

Possui graduação em Licenciatura Plena em Psicologia e em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Além disso, concluiu seu mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem e doutorado em Saúde Coletiva pela mesma instituição. Realizou seu pós-doutorado na UNESP/Bauru, integrando o Programa de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Desenvolvimento Humano, atuando principalmente nos seguintes temas: Desenvolvimento pré-natal e na primeira infância; Psicologia Perinatal e da Parentalidade. 

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