Bruços e refluxo: fisioterapeuta explica por que a posição é aliada no desenvolvimento de bebês

 

Apesar de muitos pais e responsáveis ainda evitarem colocar bebês com refluxo na posição de bruços, especialistas reforçam que essa prática, conhecida como tummy time, é não apenas segura, como extremamente benéfica quando bem orientada. De acordo com a fisioterapeuta especializada em pediatria e CEO da Desenvolve Criança, Lígia Conte, a posição ajuda no fortalecimento muscular e favorece o funcionamento do sistema digestivo. “A posição de bruços proporciona uma descarga de peso na região ventral do corpo, o que auxilia a estrutura dos tubos digestivos. Isso contribui para uma digestão mais eficiente, melhora a deglutição, reduz gases e estimula o intestino”, explica a fisioterapeuta. Diversos estudos ao longo dos anos confirmam os benefícios da postura prona para a saúde digestiva e o desenvolvimento motor dos bebês. Ligia destaca que existem dois perfis de bebês com refluxo: aqueles com refluxo fisiológico — que golfam, mas continuam ganhando peso e se desenvolvendo normalmente — e os que apresentam refluxo patológico ou silencioso, com perda de peso, dor e outros desconfortos. “Para ambos os casos, o tummy time é importante. A diferença está no modo de aplicação. Em bebês com sintomas mais intensos, o ideal é adaptar o momento, usando superfícies inclinadas, o colo dos pais ou almofadas de apoio”, orienta. Uma dica prática da fisioterapeuta é observar o tempo entre a mamada e a posição de bruços: “Esperou mamar e arrotou, barriga no chão colocou. O importante é respeitar os sinais do bebê e inserir a prática de forma gentil e progressiva”, afirma. Além dos ganhos fisiológicos, a posição também contribui para o fortalecimento da musculatura do pescoço e da coluna, preparando o bebê para marcos motores como rolar, sentar e engatinhar. “O conhecimento reduz a insegurança. Quando os pais e responsáveis compreendem a função e os cuidados da prática, o tummy time deixa de ser motivo de preocupação e passa a ser um aliado no desenvolvimento saudável”, conclui Lígia Conte.