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terça-feira, 20 de setembro de 2022

Brasil registra primeira gestação a partir de óvulos maduros coletados após a retirada cirúrgica dos ovários

 



Visando novas opções para a preservação da fertilidade de mulheres com câncer, o Brasil registrou mais um feito histórico ao ter a primeira gravidez a partir da fertilização in vitro de óvulos maduros, coletados após uma cirurgia de remoção ovariana. O câncer de ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais comum no País. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que até o final de 2022 sejam diagnosticados cerca de 6.650 novos casos em território brasileiro. Para muitas mulheres, o tratamento de reprodução assistida é a saída para realizar o sonho da gestação no futuro. 


O procedimento de coleta foi realizado em uma mulher de 34 anos, que precisou da cirurgia de remoção total de ovários devido a um carcinoma. A intervenção foi realizada em conjunto com a equipe de reprodução assistida. Segundo a cirurgiã oncológica responsável pela cirurgia, Dra. Georgia Cintra, “a cirurgia foi realizada de acordo com as necessidades impostas pelo diagnóstico. Foi feita uma exenteração posterior, que é a remoção dos ovários, útero e intestino”.


O médico responsável pelo procedimento de coleta dos óvulos, especialista em reprodução humana e membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Dr. Bruno Ramalho de Carvalho, explicou que “a coleta de óvulos foi feita com auxílio da ultrassonografia aplicada diretamente aos ovários, já fora do corpo. Foram aspirados 21 folículos ovarianos e 13 oócitos coletados, sendo 12 maduros e vitrificados”.


O sucesso do tratamento só foi possível graças ao trabalho conjunto entre a equipe oncológica, que realizou o primeiro acolhimento desta paciente, e da equipe de reprodução assistida. O caso foi avaliado desde o início com o objetivo principal de promover a saúde e recuperação total do câncer, mas levando em consideração as possibilidades de preservação dos óvulos. Segundo a Dra. Georgia, entender as necessidades da paciente foi fundamental. “A palavra câncer anda lado a lado com a palavra morte. Muitas pacientes entendem o diagnóstico de câncer como uma sentença de morte. Faz parte da nossa função como médicos entender os desejos daquela paciente de forma geral e, na medida do possível, com segurança, oferecer isso para elas, entendendo que a prioridade é o tratamento oncológico”, afirmou.


Para a continuidade do tratamento de reprodução assistida, foi utilizada a técnica de Fertilização In Vitro (FIV) e contou com o uso de uma barriga solidária. A gestação está em curso e o nascimento da criança está previsto para o primeiro trimestre de 2023. Este é o primeiro relato de que se tem notícia, de uma gravidez a partir da FIV de óvulos maduros coletados fora do corpo. Embora seja um primeiro registro, o resultado é promissor. Para o Dr. Bruno Ramalho, este caso traz novas alternativas para mulheres com câncer de ovário. “Há relatos de outros cinco casos de captação de óvulos maduros após a retirada cirúrgica dos ovários estimulados, um deles realizado também no Brasil, pela nossa equipe. Entretanto, essa é a primeira gestação a ser registrada e creio que assim será o primeiro nascimento. Esse método é uma alternativa para quando a mulher deseja tentar preservar a fertilidade e a chance de ter filhos geneticamente seus no futuro”, enfatizou.


Caso foi anunciado durante o 26º Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida



Dra. Iris Cabral apresenta caso inédito de coleta de óvulos após cirurgia oncológica em paciente durante 26º CBRA. (foto: SBRA)


O anúncio do avanço foi realizado pela embriologista responsável pela FIV, Dra. Iris Cabral, membra da SBRA e da Associação Brasileira de Embriologistas em Medicina Reprodutiva (Pronucleo), durante o 26º CBRA, em São Paulo (SP), que avaliou sua participação como “muito especial”. “Demonstrar que podemos fazer o melhor pelas nossas pacientes é muito gratificante. Realizar o sonho da maternidade é a nossa mais nobre e valiosa missão”, enfatizou. O trabalho foi vencedor do Prêmio Tsutomu Aoki. "Receber esse destaque num evento da importância e magnitude do CBRA nos deixa muito esperançosos de que a preservação de fertilidade das mulheres com câncer ganhe o espaço que merece na abordagem oncológica", afirma o Dr. Bruno Ramalho.


Com o tema “Reprodução Assistida Além da Infertilidade”, o Congresso reuniu mais de 1.500 participantes de diversos lugares do mundo. Segundo o presidente do CBRA, o especialista em reprodução humana assistida, Dr. Edson Borges Jr., o evento se estabelece como o mais importante evento de reprodução assistida da América Latina. “A programação foi elaborada de forma especial, com ênfase na medicina reprodutiva contemporânea. Durante esses dias nós tivemos a oportunidade de agregar à comunicação e o aprendizado dos sistemas mais modernos para a reprodução assistida” conclui.


Além disso, o 26º CBRA promoveu o debate de temas, como: Assinatura genômica endometrial e transferência embrionária personalizada, receptores de FSH e LH, futuro dos protocolos FET, rejuvenescimento do oócito, a importância da elevação de progesterona na fase folicular tardia, teste genético pré implantacional, eficácia e segurança da estimulação ovariana em pacientes poor e high reponders e muitos outros. Além disso, foram apresentados diversos estudos, que foram selecionados antes do evento para ampliar o debate sobre reprodução humana.


Fonte e Ilustração: Associação Brasileira de Reprodução Assistida - SBRA

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