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Antes abandonada e em ruínas, residência de quase dois séculos, onde viveu barão dos tempos áureos do café, passa por obra transformadora e vai virar centro cultural
Depois de anos de abandono, a Casa do Barão de Vassouras, na região Sul Fluminense, é reaberta nesta sexta-feira (19/12) ao público, com uma visita guiada que contará a história do casarão, restaurado pela Concrejato, e exemplar do patrimônio histórico e arquitetônico do século XIX.
Localizada no centro histórico de Vassouras, uma das cidades mais importantes do ciclo e do Vale do Café, no Estado do Rio, a casa foi erguida para ser residência de Francisco José Teixeira Leite (1804–1884), filho do Barão do Itambé e futuro Barão de Vassouras. Permaneceu sob a posse da família até o começo da década de 1990 e, em 2018, foi doada ao município, com o compromisso da prefeitura de ser implementado ali o projeto executivo das obras de restauro aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O processo de extenso restauro da Concrejato incluiu a execução de novas estruturas, recuperação e reforço estrutural da edificação em ruínas, além da execução de instalações de combate a incêndio e ar-condicionado. Revestimentos originais, como azulejos estampados, pinturas decorativas, fachadas, esquadrias e jardins, foram restaurados.
O contrato, firmado em agosto de 2020, previa a conclusão das obras em 24 meses, mas foi prejudicado por contratempos como a pandemia e a dificuldade de fornecimento de alguns materiais. Antes do período de abandono que a reduziu a ruínas, o casarão chegou a abrigar uma agitada casa noturna na cidade, nos anos 1970 e 1980.
Vista aérea da Casa do Barão de Vassouras: cidade reencontra seu passado com o espaço restaurado
“O prédio estava em estado de abandono, praticamente em ruínas. Já não tinha mais telhado ou estrutura de piso. O maior desafio foi iniciar a obra, até porque havia uma área do imóvel com uma família morando. Isso atrasou o início das intervenções, e tivemos muitas surpresas ao longo do caminho. Quando o projeto foi desenvolvido o prédio estava num estado de conservação, e quando a obra foi iniciada já se encontrava em outro estágio”, explica a arquiteta e urbanista Janaina Genaro, superintendente de obras da Concrejato.
O trabalho exigiu o resgate de técnicas construtivas da época em que o imóvel foi feito, como o uso de tijolos de adobe, fabricados por uma equipe treinada pela Concrejato, e a técnica do pau a pique, aliado a técnicas atuais. A nova cobertura, por exemplo, recebeu estrutura metálica para vencer os grandes vãos e atender ao novo uso.
“Quando a gente fala em trazer de volta algumas técnicas construtivas tradicionais, a gente está resgatando essa memória e valorizando aquela mão de obra que participou da construção. É uma ressignificação desse momento, até porque naquela época era uma mão de obra escrava. Aliado a isso, a gente trouxe inovações tecnológicas que vão garantir a durabilidade e a manutenção do empreendimento”, diz a superintendente.
Com o restauro, a Casa do Barão se transformará em um centro cultural multiuso voltado a tradicionais manifestações locais, como o jongo. Ao final, o projeto terá um orçamento de quase R$ 20 milhões, dos quais R$ 11 milhões via PAC Cidades Históricas/Iphan, R$ 3 milhões de contrapartida da prefeitura e R$ 6 milhões de investimento do BNDES para a aquisição de equipamentos.
“Para nós é um orgulho poder entregar um patrimônio dessa relevância para a cidade de Vassouras, região do Vale do Café e para o Rio de Janeiro, além de conseguir modernizar e integrar com o centro histórico da cidade esse equipamento tão importante”, afirma Eduardo Viegas, presidente da Concrejato, lembrando que há menos de quatro meses a empresa entregou o restauro do Museu Vassouras, outro marco do patrimônio histórico do município e do país.
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