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quinta-feira, 29 de maio de 2025

O livro de estreia de Banana Yoshimoto

 


Kitchen foi a primeira grande obra da autora-sensação e lhe assegurou de imediato um lugar especial na prolífica literatura japonesa


Título: Kitchen

Autor: Banana Yoshimoto

Tradução: Lica Hashimoto, Lui Navarro e Fabio Saldanha

ISBN: 978-85-7448-323-8

Formato: 14 x 21 cm / 176 páginas

Capa: fotos de Tokuko Ushioda

Lançamento: 10 de junho

Preço: R$ 56,00

 

Em 1988, Banana Yoshimoto aventurou-se na publicação de Kitchen e, desde então, é tida como uma das vozes mais originais e representativas da literatura japonesa no mundo todo.


Kitchen é composto por duas histórias interligadas: Kitchen, a principal, dividida por sua vez em duas partes; e Moonlight Shadow, uma narrativa mais curta.


A protagonista de Kitchen, Mikage Sakurai, é uma jovem que encontra conforto na cozinha após a morte de sua avó, sua última parente viva. A cozinha, para ela, torna-se um espaço de refúgio e luto, simbolizando a continuidade da vida por meio do preparo de alimentos. Ao conhecer Yuichi e sua mãe transgênero, Eriko, Mikage é acolhida por essa família não convencional, que lhe oferece um novo sentido de pertencimento.


Em Moonlight Shadow, Yoshimoto aborda o luto de forma ainda mais poética, acompanhando a jornada de Satsuki, uma jovem que perdeu o namorado em um acidente.

A narrativa é permeada por elementos sobrenaturais e metafóricos, como a aparição de uma mulher misteriosa que oferece a Satsuki a chance de se despedir do seu amado. Essa história reforça os temas centrais do livro como um todo e também da poética geral de Yoshimoto: a aceitação da perda e a capacidade de seguir em frente, mesmo quando o mundo parece desmoronar.


Para a capa desta edição de Kitchen, a Editora Estação Liberdade selecionou duas imagens da fotógrafa Tokuko Ushioda  conhecida por transformar cenas domésticas e objetos cotidianos em composições delicadas e repletas de significado —, retiradas da série ICE BOX, com o propósito de associar o trabalho dessas duas grandes protagonistas das artes no Japão. Ambas exploram, mesmo que de maneira distintas, a intimidade, a sensação de transitoriedade e a busca por conforto e conexão. Ushioda traz ainda mais sensibilidade e profundidade para o romance de Yoshimoto.


SOBRE A AUTORA

Banana Yoshimoto, pseudônimo de Mahoko Yoshimoto, nasceu em Tóquio, em 24 de julho de 1964, filha do poeta e militante de esquerda Takaaki Yoshimoto (1924-2012). Formada em literatura pela Universidade Nihon, foi muito bem recebida pela crítica por esta que é sua obra de estreia, Kitchen, publicada em 1988, quando ainda era estudante universitária. Kitchen lhe rendeu o prêmio literário Izumi Kyoka. Tendo começado a escrever de forma bastante precoce, aos cinco anos de idade, ela adotou o pseudônimo “Banana” pelo apreço que tem por flores de bananeira. Seus livros já foram traduzidos para mais de vinte idiomas. O tema da morte e a preferência por protagonistas mulheres são algumas das marcas mais evidentes na escrita da autora, cujos personagens nunca caem nos lugares-comuns: ao contrário, são sempre excêntricos. Dela, a Editora Estação Liberdade publicou também Tsugumi (trad. Lica Hashimoto) e Doce amanhã (trad. Jefferson José Teixeira).

 

TRECHOS


“O lugar de que eu mais gosto neste mundo é a cozinha.

Não importa onde, de que tipo seja, contanto que seja uma cozinha, um lugar em que se faz comida, eu me sinto bem. Se forem eficientes e práticas, melhor ainda. Com muitos panos de prato secos e limpos. Azulejos brancos, novos e brilhantes.

Gosto até das cozinhas incrivelmente sujas. [p. 15]

 


“Quando abri a pequena geladeira — cujo interior Yuichi me deixou à vontade para olhar —, ela estava limpa, organizada e não tinha nada que parecia estar esquecido havia muito tempo.

               Olhei em volta murmurando “hum, hum…” enquanto balançava a cabeça em aprovação. Era uma ótima cozinha. Foi amor à primeira vista.” [p. 22]


“A janela da cozinha. O sorriso dos amigos, o verde-brilhante dos jardins da universidade refletido no semblante de Sotaro, a voz da minha avó quando eu ligava tarde da noite, o futon das manhãs frias, o som dos chinelos dela ecoando pelos corredores, a cor da cortina… o tatame… o relógio de parede.

               Todas essas coisas. Todas essas coisas que agora deixavam de existir.” [p. 46]

 


“Onde quer que fosse, Hitoshi levava um pequeno guizo pendurado em seu porta-cartão. Confesso que não tive segundas intenções quando lhe dei o guizo, pois naquela ocasião ainda não estava apaixonada por ele, mas o destino daquele presente foi o de acompanhá-lo até o fim.” [p. 129]

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