A transformação das sociedades, muitas vezes, é marcada pela quebra de paradigmas que atribuem a certos comportamentos sexuais e amorosos a ideia de “pecado”, “erro”, “patologia” e “desvio”. A monogamia é uma dessas normas que tem sido mais intensamente questionadas nos últimos anos, de modo que muitas pessoas e casais têm optado por relacionamentos sem exclusividade afetiva e/ou sexual. Muito além do já batido ‘Dona Flor e seus Dois Maridos’, o livro “Infinitos Amores: Um estudo Antropológico sobre o Poliamor” (Editora Telha) mostra como, de 2004 para cá, passamos a olhar com menos estranheza e maior naturalidade para essa forma de vivenciar “afetos plurais”.
“Poliamor” é uma palavra que se refere à possibilidade de estabelecer relações afetivas e sexuais com mais de uma pessoa ao mesmo tempo com a concordância de todos os envolvidos. “Infinitos Amores: Um estudo Antropológico sobre o Poliamor” tem como objetivo analisar as ideias e as práticas amorosas, sexuais e de gênero de poliamoristas brasileiros.
Por que determinadas pessoas se tornam poliamoristas? O que elas buscam no poliamor? Como se dá a passagem da monogamia ao poliamor? Que desafios são apresentados para a sua realização? Por meio da análise do discurso de poliamoristas, o livro busca compreender, também, a forma como eles se organizam e se estruturam como grupo social, seus principais objetivos, suas divergências, seus conflitos e as práticas e os grupos aos quais se contrapõem.
“É com muito prazer que compartilho este livro que apresenta as minhas primeiras reflexões sobre um tema que venho pesquisando há mais de 10 anos. Espero que a leitura possibilite novas compreensões e experiências amorosas, desmistificando a ideia de que o amor é um sentimento natural, impossível de ser transformado historicamente e em nossas práticas cotidianas.” Antonio Pilão, antropólogo e escritor
Em fevereiro de 2012, o registro de uma “união poliafetiva” ganhou as manchetes e as mídias sociais no Brasil. Esse episódio trouxe à tona uma discussão sobre formas de se relacionar que já circulavam e que eram debatidas no país, ainda que timidamente, desde 2004. A partir da visibilidade gerada, houve mudanças nas discussões sobre a temática, ampliando-se questionamentos referentes à opressões de gênero, de raça e sociais em relações não-monogâmicas.
A obra pode – e deve – ser considerada um estudo de vanguarda desse cenário que eclodiu especialmente a partir de 2012, uma vez que analisa as publicações sobre poliamor desde muito antes e fornece a possibilidade de uma reflexão profunda sobre as práticas amorosas vigentes na sociedade. A obra, longe de defender um modelo de relação, oferece uma visão mais profunda sobre outras maneiras de se relacionar e demonstra como o significado do termo poliamor está em movimento, sendo permanentemente disputado e ressignificado.
“Infinitos Amores: Um estudo Antropológico sobre o Poliamor” é uma obra que já nasce clássica dentro dos estudos antropológicos contemporâneos.
Sobre o autor:
Antonio Cerdeira Pilão realizou pesquisa de mestrado e de doutorado sobre poliamor e relações não-monogâmicas pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGSA-UFRJ). É pesquisador de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Universidade de São Paulo (PPGSP-USP) e coordenador do grupo de pesquisa “Políticas, afetos e sexualidades não-monogâmicas”. Realizou pesquisa pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de São Paulo (PPGAS-USP), atuando junto ao Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença (NUMAS-USP) e ao Núcleo de Antropologia do Direito (NADIR-USP). Realizou pesquisa pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora (PPGCSO-UFJF), integrando o grupo de pesquisa "Família, Emoções, Gênero e Sexualidade" (FEGS, diretório CNPq). Tem experiência docente em cursos de graduação e pós-graduação na UFRJ, UFF, UFJF e USP, trabalhando, principalmente, com gênero e sexualidade; família e parentesco; novos arranjos conjugais; antropologia do direito; antropologia das emoções; antropologia digital; marcadores sociais da diferença; saúde e juventude.
Sobre a Editora Telha:
Desenvolvida no Rio de Janeiro, a Editora Telha nasce no fim de 2019 e já alcança, em sua primeira publicação Motel Brasil: uma antropologia contemporânea, de Jérôme Souty, a marca de obra finalista do Prêmio Jabuti 2020. Interdependente (porque independente ninguém é realmente), a Telha surgiu pelo desejo de editar com maior autonomia e criar mais espaço para textos produzidos por autores fora dos grandes centros.
Serviço:
Livro: Infinitos Amores: Um estudo Antropológico sobre o Poliamor
Autoras: Antonio Cerdeira Pilão
Editora: Telha
Páginas: 162
Preço: R$ 57,00
Adquira em: https://editoratelha.com.br/
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